Geddel: disputa na Bahia não atinge Planalto

Peemedebista diz que questões da Bahia serão resolvidas ali mesmo e nega que atritos levarão a rompimento com PT

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Por Christiane Samarco
Atualização:

A vitória em Salvador, com a reeleição do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), abrandou o tom áspero contra o PT que marcou o discurso do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), na reta final da campanha. No calor da disputa do candidato peemedebista apoiado por Geddel contra o candidato petista Walter Pinheiro, o ministro fez ataques ao PT. Chamado ontem à noite ao Palácio de Ondina, sede do governo baiano, para uma primeira conversa com o governador petista Jaques Wagner, o ministro fez pouco caso da versões que o vêem mais próximo da órbita do PSDB e do DEM do que do PT derrotado nas urnas. Em entrevista ao Estado, Geddel admitiu, contudo, que será difícil negociar uma parceria com o PT em 2010, sem ter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como grande fiador. O senhor é candidato ao governo da Bahia? Esta é uma possibilidade que está em aberto. Não há nada em gestação. Não tenho nenhum projeto pronto e acabado. Se a pergunta fosse se eu gostaria de ser governador e eu dissesse que não, seria um mentiroso, um hipócrita. Mas não é uma obsessão que me leve a atropelar tudo e todos. O senhor tem repetido que o PT não foi um parceiro leal ao deixar a prefeitura de Salvador para lançar candidato próprio. Isto pôs um ponto final na perspectiva de aliança com o PT baiano em 2010? Não pôs ponto final a nada. O que tinha a dizer sobre eleição, disse no processo eleitoral e não vou repetir. Vamos aguardar as ondas baterem nas pedras para ver o que acontece. A cúpula do PSDB e do DEM acreditam que hoje o senhor está muito mais próximo deles que do PT. Não me consta que eu tenha dito nada disso a eles. Tem gente que acredita em Papai Noel, em duende. A lição da Bahia recomenda ao PMDB nacional que deixe de lado a candidatura do PT ao Planalto e busque uma alternativa no PSDB, com o governador José Serra, de São Paulo, por exemplo? Não recomenda. O PMDB nacional haverá de analisar isto com muita tranqüilidade, à luz das circunstâncias, do que for proposto sobre projeto, sobre candidato. Na parcela de influência que me couber no partido, defenderei a manutenção da aliança com o presidente Lula. O problema é que a aliança de 2010 não será com Lula. Essa é uma circunstância relevante que será levada em conta pelo PMDB nacional e certamente tornará as negociações mais tensas. O presidente Lula tem sido o grande fiador nesta aliança e o comportamento dele na eleição mostrou que ele tem tamanho para ser o fiador. A Bahia é um dos principais pilares de sustentação da aliança nacional PT-PMDB. A briga eleitoral com o governador Jaques Wagner enfraquece a aliança? O processo eleitoral e as questões da Bahia terão começo, meio e fim na Bahia. De nossa parte, na nossa visão, não vamos transbordar para o plano nacional. Seus adversários atribuem a vitória do prefeito João Henrique aos investimentos do Ministério da Integração em Salvador. Afinal, quanto o ministério destinou à capital baiana este ano? Salvador foi prioridade orçamentária do ministro? Essa é uma visão reducionista própria de adversários. Não espero flores de adversário. O que posso dizer é que o investimento do Ministério na Bahia foi de trinta e poucos milhões. Não tenho o número exato, mas digo que não foi nada desproporcional ao papel da terceira capital do País. O senhor foi um dos fiadores do acordo que deu ao PT de Arlindo Chinaglia a presidência da Câmara, com o compromisso de eleger o presidente do PMDB, deputado Michel Temer, em 2009. O PT agora exige a presidência do Senado para cumprir o acordo. O senhor concorda? Tenho a crença de que através da negociação política vamos chegar a um bom termo. A negociação para valer começa agora, depois da eleição. Eu acredito na negociação política para resolver impasse. É justa a partilha dos postos de comando do Congresso? Quem busca a justiça deve se dirigir às Cortes. O Congresso é o lugar de política, de diálogo e entendimento. O PMDB fortalecido pelas urnas tem cacife para pleitear as presidências da Câmara e do Senado? Não acho que o fortalecimento possa ser visto como instrumento de pressão contra ninguém. Temos que discutir politicamente.

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