Garotinho faz discurso de candidato à Presidência

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Por Agencia Estado
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Ao assumir o comando do PMDB no Estado, o ex-governador e secretário da Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, deixou clara sua intenção de disputar novamente a Presidência da República, em 2006, e fez duros ataques ao governo federal ? que seu partido apóia. Garotinho afirmou durante a convenção estadual do partido que "aquele que parecia ser o governo da esperança é tão medroso que tem medo até de CPI". E insistiu: "Aquilo que todo mundo temia, que o medo pudesse vir a vencer a esperança, virou realidade." A declaração é uma referência à polêmica declaração da atriz Regina Duarte para a campanha eleitoral do candidato derrotado do PSDB à Presidência, José Serra. Em mais uma crítica ao PT, ele afirmou à platéia de cerca de 15 mil pessoas, segundo cálculo de peemedebistas, que o governo "gastou no ano passado R$ 153 bilhões só com o pagamento de juros para meia dúzia de banqueiros". "Eu gostaria que o governo dissesse quantas casas populares construiu, quantos quilômetros de estradas fez, quantos hospitais entregou." No discurso, ao lado do presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, o ex-governador do Rio disse que não tem vergonha de ser conhecido como populista e que o seu partido "não pode mais ficar pagando a conta dos outros", porque é o único dos grandes partidos que ainda não chegou à Presidência. "Nunca houve um governo do PMDB. Quando houver, aí sim vamos separar o joio do trigo. Porque não podemos ficar fazendo esse jogo duplo que existe hoje em dia, não podemos servir a dois senhores. Ou servimos ao povo ou aos senhores que há 500 anos sugam o sangue do povo." Ao lançar sua candidatura, classificada como "um sonho", ele ressalvou que apoiará o nome de "outro companheiro", caso não seja o escolhido pelo PMDB. Em rápida entrevista logo após o fim da convenção, Temer admitiu que Garotinho é "um dos candidatos potenciais" do PMDB à Presidência da República em 2006, e afirmou que o fato de a legenda integrar a base de apoio do governo federal "não significa compromisso eleitoral, que o partido não possa ter candidatura própria em 2006". O caso Waldomiro Segundo Temer, a posição de Garotinho a favor da instalação da CPI dos Bingos "é a opinião de vários setores do PMDB". Mas, segundo ele, isso não causará constrangimento com o governo federal. "O partido abriga várias tendências", declarou. "Agora, tudo vai depender da apuração da Polícia Federal. Se a investigação apontar a participação de agentes públicos ou da classe política, é claro que a investigação deve se transferir para o Congresso", defendeu Temer. Ele afirmou não ter dúvida de que o governo se preocupa com as ameaças de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito porque "CPI a gente sempre sabe onde começa, mas não sabe onde termina", numa citação a Ulysses Guimarães. O caso Geap Em entrevista após o discurso, Garotinho citou a manchete de hoje do Estado ? ?Casa Civil favorece entidade com monopólio em planos de saúde?: "É um caso escandaloso de favorecimento que vai contra todo o discurso histórico do PT em defesa da saúde pública." Ele disse estranhar a "mudança de posição" do PT em relação à transparência e afirmou que "tem gente do próprio PT que está criticando o fato de o governo estar "excessivamente voltado para uma política econômica que beneficia o setor financeiro em detrimento do setor produtivo, a capacidade gerencial do governo, que está paralisado, fala muito mas faz pouco". "Nunca defendi nenhuma posição golpista. Sou um democrata. Não foi um discurso forte, foi realista", disse. Garotinho também fez ataques ao prefeito Cesar Maia (PFL), seu adversário político no Rio. Ele classificou o prefeito de "sem alma, sem coração e cara-de-pau, que só se lembra dos pobres em época de eleição". A governadora Rosinha Garotinho aproveitou a discurso para anunciar um calendário de inaugurações, até mesmo de viadutos, e também criticou o governo do PT, afirmando que o Estado é discriminado por Lula. Na convenção, foram eleitos os 70 integrantes do diretório regional que, no prazo de cinco dias, elegerão a nova executiva do partido e o novo presidente do PMDB fluminense. Em seu discurso, Moreira Franco, que ocupava a presidência, saudou Garotinho como novo presidente no Rio. "Queremos ser protagonistas, e não mais acompanhantes de projetos dos outros, que o partido saia desse drama existencial, desse dilema que o persegue há 20 anos: Queremos ser o governo federal", disse Moreira. Garotinho atribuiu ao PMDB a anistia, a campanha pelas diretas e a redemocratização do País.

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