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Garibaldi volta a criticar Poderes

Ao lado de Lula e Mendes, presidente do Senado diz que Executivo e Judiciário invadem competências do Legislativo

Por João Domingos e Tania Monteiro
Atualização:

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), aproveitou a cerimônia de comemoração dos 20 anos da Constituição, realizada ontem pelo Congresso, para dizer que, por causa das medidas provisórias, o Poder Executivo "governa ao arrepio do processo parlamentar". Ele criticou também o Poder Judiciário - que, a seu ver, invade a competência do Legislativo - e a Constituição, por, disse, permitir o desequilíbrio entre os Poderes. Criticou até o Poder que dirige, por, alegou, falta de iniciativas. Garibaldi tinha ao seu lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Antes de iniciar sua fala, pediu que ninguém saísse, porque faria um discurso rápido. Para se prevenir de um possível mal-estar com Lula e com Mendes, Garibaldi procurou eximir os dois de culpa pelas "invasões de competência". No dia 22, também numa cerimônia de comemoração dos 20 anos da Constituição, esta realizada no Palácio do Planalto, Garibaldi criticou o Executivo por causa do excesso de MPs. "O presidente Lula falou que durante a Constituinte se passava até uma semana sem votar; hoje se passa um mês sem votar por causa das medidas provisórias", disse ele, lembrando discurso feito minutos antes por Lula. E continuou: "O presidente Lula não é culpado. O uso do cachimbo faz a boca torta e ele encontrou na sua mão um instrumento para fazer com que as coisas andem no Executivo, mas isso acontece ao arrepio do processo parlamentar." Depois, voltou suas críticas ao Judiciário. "A Constituição de 88 nos levou a um balanceamento não muito equilibrado entre os três Poderes, de modo que a culpa não é do presidente Gilmar Mendes, mas aqui e acolá o Poder Judiciário esquece que é Poder Judiciário e pensa que é Poder Legislativo." Gilmar sorriu. E aplaudiu Garibaldi. Em seguida, o presidente do Senado fez críticas também ao próprio Poder que dirige. Reclamou da falta de empenho do Congresso para votar reformas constitucionais tidas como urgentes, como a política e a tributária, além de modificar a regulamentação das MPs. O senador pediu ajuda ao presidente Lula para que este lidere um processo de reformas, além de terminar a regulamentação de artigos da Constituição. "Este Congresso só será digno da Constituinte se, com a liderança do presidente Lula, realizar essas reformas, pois quem tem liderança para impulsionar um processo de reforma é o presidente Lula", afirmou Garibaldi.

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