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Garcia provoca Chávez e Morales: ´Peru jamais trairá Brasil´

Presidente do Peru ressaltou que o Brasil poderia resolver sua grande necessidade na obtenção de energia por meio de investimentos da Petrobras no país

Por Agencia Estado
Atualização:

Em discurso bem humorado para empresários que participaram do seminário "Brasil-Peru: Oportunidades de Negócios e Investimentos", realizado nesta Sexta-feira na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente do Peru, Alan Garcia Pérez, ressaltou a idéia de que o país sul-americano é um lugar seguro e estável, que cresce economicamente e, sobretudo, é amigo do Brasil e "jamais irá traí-lo". Durante todo o discurso, Garcia fez provocações e deu alfinetadas nas atitudes dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), em relação ao Brasil, sem, porém, citar nominalmente esses países ou seus dirigentes. Ao falar sobre globalização, ele reconheceu as injustiças geradas pelo processo e ressaltou que há maneiras de combatê-las: "Correr mais rápido que a globalização, orientar investimentos e aproveitá-los ou fazer discursos bonitos. Em seguida, numa referência a Hugo Chávez, acrescentou: "Mas é muito fácil fazer discurso bonito quando se tem muito petróleo para ser negociado." Garcia ressaltou que o Brasil poderia resolver sua grande necessidade na obtenção de energia, investindo em hidrelétricas em rios da Cordilheira dos Andes e por meio de investimentos na exploração de gás pela Petrobras no Peru. "Investir em energia no Peru, ao invés de construir um gasoduto, poderia iluminar todo o Nordeste brasileiro. A água nunca deixará de cair e o investimento no Peru poderá compensar as perdas que a Petrobras tem tido em outros lugares", cutucou, desta vez, Evo Morales. O presidente peruano disse ainda que há países na América do Sul que dizem ter mais gás do que realmente têm, enquanto o Peru, que se acreditava que tinha poucas reservas, segundo ele, "tem quase o mesmo volume que alguns países vizinhos têm". Garcia ressaltou que, se o Brasil investisse em rodovias que ligassem o País ao porto de Callao, próximo de Lima, capital peruana, e ampliasse a capacidade do porto, poderia facilitar o escoamento de seus produtos para a Ásia, por meio do Oceano Pacífico. Segundo ele, caso esses investimentos sejam feitos, as exportações do Brasil, "que estão hoje em US$ 118 bilhões, poderiam chegar a US$ 600 bilhões em 20 anos". No entanto, conforme destacou, chegariam a apenas US$ 400 bilhões sem esses investimentos. "O Brasil continuaria crescendo, mas bem menos do que poderia. Isso, certamente, gerará, problemas sociais. Eu não gostaria de ser o presidente do Brasil daqui a 20 anos, se esses investimentos não fossem feitos", afirmou. Oferta O presidente do Peru insistiu que não veio ao Brasil para pedir dinheiro. "Dinheiro já existe no mundo e mais barato do que no Brasil", explicou. Ele defendeu que a aliança seria o melhor negócio para os países. "Para o Peru, é importante ter infra-estrutura. E, para o Brasil, é importante ter um porto para o Pacífico. O porto de Callao é de vocês. Estou fazendo uma oferta que vocês não podem recusar", disse. Garcia citou que o Peru deve crescer 7% em 2006, com uma inflação inferior a 2%. As exportações peruanas devem alcançar US$ 22 bilhões e as reservas internacionais já somam US$ 15 bilhões. "Somos um dos países latino-americanos que oferece o menor risco aos investidores e um enorme potencial para se fazer negócio." Além de pedir investimento em infra-estrutura, o presidente peruano convidou os empresários a construírem filiais de suas indústrias no país vizinho. Garcia terminou o discurso com muitos aplausos dos empresários presentes.

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