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Gabrielli fala de tudo, menos Petrobrás

Por SERGIO TORRES
Atualização:

De olho no eleitorado baiano, o presidente que mais durou à frente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, evita citar a empresa em seu programa semanal de rádio, transmitido em toda a Bahia desde maio do ano passado.Procedimentos adotados na gestão do presidente Gabrielli, de 2005 a 2012, são apontados por especialistas como corresponsáveis pela atual situação da empresa, que registrou prejuízo recorde no segundo trimestre do ano passado e convive com a estagnação da produção de óleo e gás a partir de 2010.Em nenhum dos 35 programas até agora transmitidos o ex-presidente elegeu a Petrobrás como tema. Os assuntos abordados por ele são variados, como o crescimento da produção de coco, as oportunidades de emprego e renda geradas pelos festejos de São João, os vinhos baianos e o turismo religioso.Embora não admita, Gabrielli pleiteia disputar no PT da Bahia a indicação para concorrer em 2014 ao governo do Estado. O atual governador, já em segundo mandato, é o petista Jaques Wagner, que, assim que Gabrielli foi demitido da Petrobrás pela presidente Dilma Rousseff, nomeou-o secretário estadual de Planejamento.Royalties. Em um só programa, o de 15 de novembro, Gabrielli falou de petróleo, ao abordar a polêmica em torno da divisão dos royalties.Em pouco mais de três minutos, ele expôs com didatismo a questão, previu uma contenda judicial provocada por Estados prejudicados (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e comemorou a possibilidade de vir mais dinheiro para seu Estado."Para a Bahia, essa mudança vai ser muito positiva. (...) Devemos ter um salto de 2,1% na participação dos royalties para 9,4% já a partir de 2013. Em 2010, a Bahia recebeu em torno de R$ 200 milhões de royalties.Isso sem considerar os valores repassados aos nossos municípios. Se a lei estivesse em vigor teríamos acréscimo de mais R$ 560 milhões em 2010", disse Gabrielli.Eleição. O secretário tem no programa "Encontro com Gabrielli" a oportunidade de tornar-se mais conhecido no interior da Bahia. Baiano de Salvador, formado em economia pela Universidade Federal da Bahia, Gabrielli, de 63 anos, não tem nem trajetória política expressiva nem currículo eleitoral.A única eleição que disputou ocorreu há 23 anos, quando fracassou na tentativa de eleger-se governador do Estado pelo PT, do qual participara da fundação dez anos antes. Desconhecido, ficou em quinto lugar numa eleição em que havia seis candidatos.A necessidade de ser apresentado ao eleitor baiano tem um outro componente; Gabrielli não é o candidato natural do Partido dos Trabalhadores à sucessão de Jaques Wagner. Políticos com histórico eleitoral importante no PT da Bahia, como o senador Walter Pinheiro e o ex-prefeito Luiz Caetano, de Camaçari (região metropolitana de Salvador), são tidos internamente como interessados em representar o partido na disputa para governador em 2014. Eles têm passado eleitoral vitorioso. Gabrielli, não. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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