PUBLICIDADE

Futebol-arte é brasileiro

Seleção faz 3 a 0 sobre a favorita Argentina e conquista, na Venezuela, o bicampeonato do torneio - seu 8.º título na história

Por Silvio Barsetti
Atualização:

O futebol-arte da Argentina foi pouco para o futebol-força da seleção brasileira de Dunga. Com raça,valentia, determinação e organização tática, o Brasil conquistou o bicampeonato da Copa América, na Venezuela, com um surpreendente 3 a 0. Repetiu-se a vitória de 2004, no Peru. Lá também o time brasileiro não contava com todos os seus titulares e os argentinos entraram como favoritos. De quebra, os pentacampeões mundiais garantiram uma vaga na Copa das Confederações, em 2009, na África do Sul. ''''Dedicamos esta vitória a todas as pessoas de alma pura. Às crianças do mundo todo. Do Brasil, da Palestina, de Israel, da antiga Iugoslávia, locais onde se sofre muito, mas se tem amor, sem rancor'''', disse o técnico Dunga, bastante criticado durante toda a competição por optar por escalar um meio-de-campo com três volantes. ''''Trabalhamos 34 dias sem nenhum problema e talvez isso tenha incomodado muita gente'''', disparou o treinador. Brasil e Argentina decidiram pela décima vez a Copa América. O Brasil venceu a segunda consecutiva, após perder oito decisões. Este foi o oitavo título da seleção na competição. Os argentinos seguem na frente, com 14, ao lado do Uruguai. O jogo começou como se esperava. Com a Argentina no ataque e o Brasil nos contragolpes. E logo aos 3 minutos, a pesada defesa argentina sofreu com a habilidade brasileira. Elano lançou Júlio Baptista, que, após dominar e cortar Ayala, bateu bonito no ângulo: 1 a 0. O gol não mudou a estratégia das equipes. A Argentina demorou oito minutos para chegar na área brasileira, mas, quando conseguiu, acertou a trave de Doni, com lindo chute de Riquelme, após boa jogada de Messi e uma deixada de Verón. Riquelme e Messi não recebiam marcação individual, mas não conseguiam se movimentar com liberdade, porque Mineiro e Josué sempre estavam no momento certo, no lugar certo. Elano fazia bem a ligação para o ataque, ao lado de Júlio Baptista, até sofrer contusão e sair aos 32 minutos para a entrada de Daniel Alves. A substituição deu certo. Foi de Daniel Alves o cruzamento para o gol contra de Ayala, aos 39 minutos: 2 a 0. ''''Precisamos manter a determinação'''', disse Maicon, no intervalo. ''''O time está jogando com coração, com vontade, sem perder a técnica.'''' Para demonstrar união em momento difícil, os argentinos se reuniram antes de seguirem para o vestiário. Não adiantou nada. O Brasil abusou das faltas para parar adversários habilidosos, que se irritaram. Alex precisou fazer cara feia para interromper a ira de Tevez. Daniel Alves também não engoliu os xingamentos de Verón. O time de Alfio Basile voltou com as mesmas dificuldades, a ponto de o treinador trocar os volantes Verón e Cambiasso pelos meias Lucho González e Aimar. A Argentina se abriu e ficou um alvo fácil para os contra-ataques. Aos 23, Robinho lançou Vágner Love, que esperou a chegada de Daniel Alves, marcado por Riquelme - tal era a desorganização argentina. O jogador do Sevilla bateu cruzado: 3 a 0. TANGO PARA GARDEL Incansável, o Brasil mostrou determinação até o fim para brecar uma seleção que chegou à decisão com 16 gols em cinco jogos e cinco vitórias. A ponto de Vágner Love marcar Messi aos 40 minutos no campo brasileiro. O jogo foi ótimo para mais um melancólico tango - triste, carregados de emoção como só Carlos Gardel poderia cantar. Para os campeões da América, muito samba ainda no gramado do Estádio Pachenco Romero. Como prometera na véspera, Juan, capitão no jogo, fez questão de deixar a glória de levantar a taça para Gilberto Silva, impedido de disputar a decisão por causa dos dois cartões amarelos recebidos. O Brasil ratificou sua força e demonstrou não ter adversários na América.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.