Fundador do PT no RS deixa o partido

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Por Agencia Estado
Atualização:

O vereador José Fortunati (PT), de Porto Alegre, o mais votado nas eleições de 2000 na cidade, anunciou nesta segunda-feira a desfiliação do partido, que ajudou a fundar, em 1980. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários, ex-deputado federal e ex-vice-prefeito da capital gaúcha, Fortunati deixou a legenda denunciando "as deformações que começam a colocar em xeque os pressupostos que pautaram a formação do PT", como o "engessamento do debate interno" e o "afastamento dos movimentos sociais". Sem citar nomes, também criticou a subordinação das decisões e posições partidárias a "interesses pessoais ou de grupos". "Cada vez mais, os prefeitos e governadores petistas ditam as normas, sem que o partido ofereça qualquer reparo. Militantes petistas são perseguidos e até demitidos por não seguirem a cartilha do chefe do Executivo", afirma a nota distribuída pelo vereador. "Combatíamos sem tréguas o nepotismo. Bastou chegarmos ao poder para demonstrar que a nossa sogra, esposa ou cunhada é diferente da dos outros. Vociferamos contra o instituto da reeleição, mas bastou que interesses internos fossem desafiados para que começássemos a observar que a nossa reeleição tem um componente ético que as outras não tinham." Vítima de um processo de "fritura" interna que durava cerca de três anos e o afastou de qualquer candidatura majoritária pela sigla, Fortunati constituiu uma corrente própria e lançou-se candidato a presidente nacional da agremiação. O nome dele recebeu apoio de líderes nacionais, como o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), mas as especulaçõs sobre a desfiliação o isolaram e o forçaram a renunciar à disputa. O novo renegado do PT definirá até outubro a qual partido se filiará. Ele recebeu convites de PDT, PPS, PSB, PHS, PL e até PSDB. "A partir de agora, passarei a refletir sobre meu futuro partidário", disse. Fortunati afirmou ainda que a desfiliação não fará a admiração pelo presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, "definhar", mas ressaltou que é "homem de partido" e, como tal, apoiará o candidato a presidente da República da nova legenda. "No primeiro turno, estarei com o candidato que meu futuro partido estiver apoiando", avisou.

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