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Fundação ligada ao PT lança documento com críticas à política econômica de Dilma

Intitulado 'Por um Brasil Justo e Democrático', a publicação é dividida em dois volumes, nos quais há críticas ao ajuste fiscal e propostas de mudanças 'imediatas', como a redução de juros, estabelecimento de bandas na meta fiscal, mudanças no cálculo da

Por Igor Gadelha
Atualização:

São Paulo - Com a presença de lideranças petistas, movimentos sociais, economistas e cientistas políticos, a Fundação Perseu Abramo, centro de estudos criado e mantido pelo PT, lançou na tarde desta segunda, 28, documento em que tece duras críticas e prega mudanças na política econômica do governo Dilma Rousseff. Intitulado "Por um Brasil Justo e Democrático", a publicação é dividida em dois volumes, nos quais há críticas ao ajuste fiscal e propostas de mudanças "imediatas", como a redução de juros, estabelecimento de bandas na meta fiscal, mudanças no cálculo da inflação e regulação do mercado cambial. Na apresentação do documento, os idealizadores afirmam que a elaboração se deu a partir de debates realizados em seis reuniões que contaram com a participação de mais de 100 especialistas de diversas áreas, como economistas, cientistas políticos, urbanistas, educadores e sanitaristas. Esses analistas produziram artigos sobre diferentes temas, os quais "serviram de base" para a consolidação da publicação. A fundação pondera que, por ter o caráter colaborativo, os resultados são "preliminares e incompletos". "Trata-se, portanto, de um documento em construção", afirma.

Fundação Perseu Abramo. conjuntamente com outras entidades ligados ao PT anunciam o documento Por Um Brasil Justo e Democrático Foto: Nilton Fukuda/Estadão

O objetivo do documento, afirmam os idealizadores, é "suscitar debates, críticas e novas contribuições capazes de suprir lacunas e aperfeiçoar subsídios apresentados". A publicação ressalta que todo esse debate deve ser mobilizado pela defesa da democracia. "A iniciativa é um convite para o debate amplo, plural, suprapartidário com movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, organizações da sociedade civil e personalidades do campo progressista mobilizados pela defesa da democracia, da legalidade, dos direitos sociais e civis, pela mudança imediata dos rumos da política econômica", diz a publicação.Reformas. O documento faz um resumo dos fatos que antecederam o ajuste fiscal e critica a composição das medidas adotadas. Na agenda de reformas de curto prazo, o grupo defende o estabelecimento de bandas da meta fiscal e prazos mais amplos para seu cumprimento, bem com a retirada dos investimentos do cálculo da meta de superávit primário. Pregam também alterar o calendário do regime de metas de inflação (RMI) e que a inflação passe a ser calculada pelo núcleo de preços. Há ainda defesa de duplo mandato do Banco Central, com a incorporação da questão social e do emprego, além da estabilidade dos preços. O documento também pede a redução da taxa de juros básica de juros (Selic) e a reforma tributária. Como vetores para retomada do crescimento, os especialistas propõem o fortalecimento do mercado interno, investimentos em infraestrutura e a recuperação da capacidade de investimentos da Petrobras. Na publicação, também há reflexões sobre o papel do BRICS e do Mercosul, a defesa da reforma política e a democratização dos meios de comunicação. No documento, os especialistas ainda saem em defesa do combate à corrupção "de forma isenta e institucional".Lindbergh Farias. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), uma das lideranças petistas que participou do lançamento da publicação nesta tarde na capital paulista, afirmou que o documento tem o objetivo de aumentar a pressão sobre o governo Dilma Rousseff para mudança da política econômica atual. Na avaliação dele, os "remédios amargos" receitados pela equipe econômica não funcionaram. Para Lindbergh, não há saída para crise se o governo não tomar medidas "corajosas", como a redução da taxa básica de juros (Selic). "Se formos nessa direção, chegaremos ao desemprego de 10% no começo do próximo ano", disse. O parlamentar afirmou que a presidente Dilma Rousseff não pode se render ao mercado financeiro. Isso porque, segundo ele, quem vai defender o mandato da petista não será o setor financeiro, mas a população e os movimentos sociais que têm sofrido com o ajuste fiscal. "O que fragiliza o governo é a política econômica", afirmou. De acordo com Lindberg, a ideia é lançar o documento em outras cidades, como Brasília e Rio de Janeiro. O lançamento conta com a presença também de presidentes do PT no Estado de São Paulo, Emídio de Souza, e municipal, Paulo Fiorilo, além do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Donato. Presentes também o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, o ex-presidente do PSB Roberto Amaral e o economista Luiz Gonzaga Belluzo, consultor econômico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente Lula não compareceram ao evento.

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