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Fundação era nicho de poder de Renan

Ajuda do PMDB a Lula no escândalo do mensalão garantiu apadrinhado

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Por Redação
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Os desvios de recursos na Funasa só voltaram ao noticiário após os escândalos em torno do nome do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além de ser acusado pelo advogado Bruno Miranda de comandar um esquema de arrecadação de propinas dentro do órgão para o PMDB, Renan teve a Funasa sob o comando de seus apadrinhados. Em 2005, quando o governo Lula vivia um inferno astral com o auge do escândalo do mensalão, o PMDB entrou na tropa de choque de defesa do governo e acabou exigindo como contrapartida a indicação de três ministérios e o controle da Funasa. Foi atendido. Coube a Renan a indicação do presidente do órgão, em julho daquele ano. O escolhido foi o ex-deputado e ex-ministro Paulo Lustosa. Outros aliados foram indicados, como o então coordenador de Logística, Paulo Roberto de Albuquerque Garcia Coelho. Ele é primo de uma assessora de Renan e sobrinho do lobista Luiz Carlos Coelho, amigo do senador, e que, segundo Miranda, seria o responsável pela arrecadação da propina para o PMDB. O grupo indicado por Renan comandou o órgão até março deste ano, quando Lustosa foi tirado do cargo por disputas dentro do próprio PMDB e por uma série de problemas que começaram a surgir em sua gestão à frente do órgão. O atual presidente, Danilo Forte, é indicação do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). O caso mais emblemático foi a proposta de criação da TV Funasa, encabeçada por Lustosa e Coelho, para treinamento de médicos à distância. A Controladoria-Geral da União (CGU) e auditorias internas da própria Funasa apontaram que o projeto foi iniciado sem estudos preliminares e sem comprovação de necessidade. Mas, o mais grave, o que custaria R$ 6,9 milhões acabou saindo por R$ 71,4 milhões - um salto astronômico, sem justificativas. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o projeto fosse abortado e Lustosa, entre outros, condenado a devolver dinheiro aos cofres do governo federal. Outro escândalo ligado ao comando político do PMDB foi a contratação de funcionários terceirizados da Brasfort, sem justificativa de necessidade. Relatório da CGU aponta que auditoria de 2006 constatou, entre outros problemas, existência de terceirizados fantasmas e nepotismo. A Brasfort, que em 2006 recebeu R$ 21,5 milhões da Funasa, pertence a Robério Bandeira de Negreiros. Ele é sogro de Flávia Garcia Coelho, assessora de Renan no Senado e filha de Luiz Carlos Coelho. Além dos dois casos, relatório feito pela CGU sobre a prestação de contas da Funasa de 2006 lista outros 11 principais problemas em contratos do órgão. São casos de pagamentos por serviços não prestados de reforma, contratação de serviços de informática sem justificativa, direcionamento de licitação, superfaturamento em contrato de digitalização de documentos e superfaturamento na compra de medicamentos e de gastos em eventos.

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