Fumantes driblam imagens de alerta no maço de cigarro

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Por Agencia Estado
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As primeiras remessas de cigarro com imagens de alerta na embalagem, sobre os malefícios causados pelo fumo, já chegaram aos pontos de venda. Mas o fumante não se assusta a ponto de parar de fumar e dá um jeito de esconder o novo lembrete do Ministério da Saúde. Uns colocam o maço dentro de estojos. Outros nem olham o lado do maço que tem a imagem. As fotografias nos maços de cigarro chocaram a publicitária Neuza de Oliveira, de 43 anos, fumante desde os 16. Não o suficiente para que ela pare com o vício de imediato. O desejo de parar de fumar é algo que acompanha a vida de Neuza. ?Já fiquei cinco anos sem fumar.? A recaída veio numa roda de amigos que estavam fumando. Os maços de cigarro da marca Free, produzida pela Souza Cruz, vêm com um cartão com informações sobre mudanças na embalagem. Ao abrir o maço, o consumidor tem acesso ao cartão e pode colocá-lo na parte de trás do maço, tapando a imagem de alerta. A resolução do ministério, que torna obrigatória a impressão das imagens nas embalagens de cigarro, não faz referência a esse tipo de estratégia da indústria. Segundo a Souza Cruz, o cartão não foi feito para esconder os alertas, mas para estabelecer um canal de comunicação com o consumidor, já que as outras formas de publicidade ? televisão, rádio e outdoor ? estão proibidas. A empresa informa ainda que se trata de campanha temporária, que começou no dia 18 do mês passado e vai até depois de amanhã. Preço Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta: os cigarros ficaram mais caros na maior parte das nações desenvolvidas e mais baratos em muitos países em desenvolvimento. Foram analisados preços de cigarros em 80 países, de 1990 a 2000. O estudo da OMS mostra que há espaço de sobra para aumentar os impostos sobre o tabaco nos países em desenvolvimento. A medida é considerada a mais importante para derrubar o número de fumantes. ?Aumentar o preço do cigarro com tributação é uma ação eficaz para diminuir o consumo?, concorda Montezuma Pimenta Ferreira, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas. ?Cigarro é muito barato?, diz uma jovem de 16 anos, que não quer se identificar porque fuma escondido dos pais desde os 14. ?Se fosse mais caro, a gente não teria como comprar.? A cada três dias, ela consome um maço de cigarro. Em um mês, precisa comprar dez maços. Como cada maço custa em torno de R$ 2, são só R$ 20 por mês, dinheiro que ela tira de sua mesada. O Banco Mundial estima que o aumento de impostos sobre os cigarros, elevando o preço ao consumidor em 10% no mundo todo, faria com que 42 milhões de fumantes deixassem o vício. Isso significaria evitar pelo menos 10 milhões de mortes relacionadas ao fumo.

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