Fruet pretende impedir que PAC prejudique os Estados

Tucano ganhou o apoio de Aécio, que prometeu buscar votos na bancada mineira

Por Agencia Estado
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O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), candidato à presidência da Câmara dos Deputados, demonstrou nesta quarta-feira, em Belo Horizonte, a intenção de angariar apoio dos governadores, comprometendo-se a trabalhar para impedir que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) traga prejuízos aos Estados. A possível perda de receitas tem sido o principal temor dos governadores, entre os quais o mineiro Aécio Neves (PSDB), que criticou o governo federal por não ter dialogado com os Estados na fase de elaboração do programa. Fruet acredita que a tramitação das propostas no Congresso será regimental, mas defendeu a inclusão de novas questões como reforma tributária na votação do programa. Ao sair de um encontro com Aécio, no Palácio das Mangabeiras, Fruet sinalizou a estratégia. "É por isso que vim, também, falar com o governador Aécio, pela liderança que exerce, da importância de restringir as Medidas Provisórias, discutir uma forma simplificada e dar efetividade à execução orçamentária, colocar em discussão a reforma tributária, a reforma política, impedir que o PAC seja um fator de prejuízo na receita dos estados e dos municípios e votar imediatamente o voto aberto para todas as votações dentro da Câmara". O candidato tucano reafirmou que será contra o reajuste de 90% nos salários dos parlamentares e que continua defendendo a correção pela inflação. A reunião contou com a presença de nove deputados federais da bancada mineira na Câmara. Um pouco antes, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), também candidato à presidência, reuniu 21 parlamentares mineiros, durante almoço, em um restaurante próximo à Assembléia Legislativa de Minas. Para Aécio, a campanha de Chinaglia é natural, mas ainda existe a possibilidade de Fruet conseguir angariar votos, principalmente junto aos novos parlamentares. "O Gustavo é o candidato mais recente, mas talvez com proposta mais sólida e que mais apoio possa atrair neste final", disse. Sem desmerecer os outros dois candidatos - o atual presidente, Aldo Rabelo (PCdoB), disputa a reeleição -, Aécio enfatizou que a presença de Fruet coloca um ingrediente novo na disputa. "(A candidatura) deixa de ser uma disputa entre facções do governo, para ver quem é que tem mais apoio, mais presença ou força junto ao governo, para trazer essa disputa para onde ela deve estar: disputa de projetos, de prioridades, de fortalecimento do parlamento e de reencontro do parlamento com a sociedade", afirmou. O governador se comprometeu com o candidato tucano à presidência da Câmara a buscar apoio junto a parlamentares de outros partidos que não apenas o PSDB. A bancada federal de Minas na Câmara é a segunda maior na casa, composta por 53 deputados. "O PSDB, unanimemente, vai caminhar com ele e eu espero que outros parlamentares de Minas Gerais mesmo de outros partidos que compreendam a importância dessa eleição, eu vou conversar com vários deles, que estejam em torno do seu nome", prometeu. Para o candidato, o apoio em si já aponta o caminho para o segundo turno e disse ter saído do encontro muito mais otimista. "A partir de hoje, o indicativo de que (eu) vá para o segundo turno, em uma eleição que pode ser decidida com uma votação em torno de 120 a 140 votos". Fruet criticou a iniciativa da Câmara dos Deputados, que pretende realizar um "programa de ambientação" para os novos parlamentares eleitos, com duas palestras de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidente da casa e candidato à reeleição. "Esse negócio de querer mudar certas práticas na véspera da eleição, às vezes pode dar um efeito contrário, em especial com os novos deputados que se elegeram contra a idéia do mensalão. Ter um canal de diálogo com a Câmara dos Deputados é muito bom, agora, imaginar que isso vá dar efeito no processo de votação é desprezar a capacidade de percepção dos novos parlamentares". Durante o encontro desta tarde, Fruet recebeu no Palácio das Mangabeiras, um telefonema do ex-presidente Itamar Franco (sem partido) que disse também apoiar sua candidatura.

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