Freixo confirma saída do PSOL, migra para o PSB e prepara candidatura no Rio

Deputado federal estava no partido desde a fundação, em 2005; com apoio de Lula, ele busca aliança que vá além da esquerda para disputar o governo fluminense

Por Caio Sartori
Atualização:

RIO - O deputado federal e líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo, principal nome da esquerda do Rio nos últimos dez anos, formalizou sua saída do PSOL e seguirá para o PSB, comandado no Estado pelo líder da oposição, Alessandro Molon. No âmbito nacional, a sigla também espera filiar outros quadros de peso, como o governador maranhense Flávio Dino, a ex-deputada gaúcha Manuela D’Ávila e o deputado Orlando Silva, todos do PCdoB, que mantém negociações com os socialistas para uma eventual fusão entre as legendas ou a criação de uma federação partidária - uma espécie de coligação de quatro anos em debate no Congresso.

Freixo, que estava no PSOL desde 2005, é hoje o principal nome de oposição cotado para concorrer ao governo do Rio em 2022. A ideia é compor uma chapa que vá além da esquerda, somando-se a forças de centro para derrotar o bolsonarismo - hoje personificado no atual governador, Cláudio Castro (PL). 

Manifesto de presidenciáveis 'é válido e bem-vindo nos dias de hoje', diz Freixo Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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Na noite desta quinta-feira, 10, pouco antes de entregar a carta de desfiliação, o deputado participou de encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros líderes da esquerda fluminense, incluindo Molon. Os petistas são o apoio mais garantido que Freixo já tem para a empreitada eleitoral. Caso concorra, será sua primeira vez numa disputa estadual - antes, além dos três mandatos na Assembleia Legislativa e do atual na Câmara, tentou duas vezes a prefeitura carioca, mas ficou em segundo lugar. 

Ao anunciar a saída do PSOL, Freixo disse que ele e o partido compartilham “uma linda história”. Elencou ainda alguns feitos que considera importantes desde que iniciou a vida pública, como as CPIs das milícias, do tráfico de armas e munições e dos autos de resistência. E explicou o que o motivou a ir para um partido mais aberto a alianças com o centro, algo historicamente refutado pela antiga legenda.

“Os graves retrocessos institucionais e humanos provocados por Bolsonaro em apenas dois anos de governo impõem novos desafios à democracia e à atuação do campo progressista. É urgente a ampliação do diálogo e a construção de uma aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo”, escreveu. “É hora de colocarmos as nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o nosso país do caos e protegermos a vida dos brasileiros.”

Ele também deu a entender, na noite desta quinta, que o PSOL estará na chapa, apesar de não ser mais a sua casa. No entanto, a prioridade para furar a bolha da esquerda está no grupo político do prefeito Eduardo Paes (PSD), que conversou ontem com Freixo antes do encontro com Lula. Nesta sexta, quem recebe o ex-presidente é justamente Paes, que almoça com o petista no Palácio da Cidade. O nome do prefeito para o governo é hoje o do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, mas a composição com Freixo é uma possibilidade. 

Lula chegou ao Rio no início da tarde desta quinta, tendo como foco o apoio à construção dessa frente e a formação de um palanque forte para sua tentativa de voltar ao Planalto. O encontro com líderes da esquerda carioca foi seu primeiro compromisso na cidade, onde fica até domingo de manhã. Além do almoço com Paes, visitará um estaleiro e se reunirá com artistas. 

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Berço do bolsonarismo e assolado por crises diversas nos últimos anos, o Estado é uma das prioridades do petista para 2022. O partido tem como foco a vitória de Lula e a formação de uma robusta bancada na Câmara. Em troca disso, abrirá mão, em vários locais, de candidaturas próprias a governador e senador.

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