O ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, defendeu ontem o pré-candidato do PV ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, e rebateu declarações feitas pela pré-candidata do PT ao Senado, Marta Suplicy, sobre a atuação dele na ditadura. No domingo, a ex-prefeita de São Paulo afirmou que o deputado ambientalista "foi sequestrador" e que fora "escalado para matar", em 1969, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick. Em Madri, onde participa com a delegação brasileira da cúpula União Europeia-América Latina, Martins, ex-militante dos grupos guerrilheiros Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) com participação no sequestro do diplomata, refutou a versão de Marta. "O Gabeira não foi escalado. Não tinha ninguém escalado para matar", garantiu. "A participação do Gabeira era ser basicamente o responsável pela casa", reiterou. O ministro, porém, evitou entrar em controvérsia com a ex-prefeita. Disse não ter lido as declarações e evitou juízos de valor: "A Marta fala o que ela quer." O comentário de Marta foi feito em encontro com militantes do PT quando ela fazia a defesa da atuação de Dilma na luta armada durante o regime militar. Marta disse que diante da guerra da internet, em que Dilma é apontada como "terrorista" e "sequestradora", os petistas precisam se preparar para o debate. "Todo mundo aqui já ouviu falar do Gabeira? Do Gabeira ninguém fala. Esse sim sequestrou. Eu não estou desrespeitando ele, ao contrário, mas ele sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador", disse Marta. "Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB." Marta informou ontem, por intermédio da assessoria de imprensa, que não faria comentários sobre o assunto e que as suas declarações foram feitas em encontro político com a militância petista com objetivo de mostrar como a questão ? a luta contra a ditadura ? é abordada de forma distinta pela mídia. O ex-ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, disse ontem que o combate à ditadura não deve ser tratado como tema de campanha eleitoral. "Até porque o (José) Serra foi perseguido e exilado. Há várias pessoas no PSDB, assim como no PT, que lutaram contra a ditadura, como o próprio Fernando Henrique, o Aloysio Nunes Ferreira, o José Aníbal. Isso não divide os dois partidos. Ao contrário, é um consenso", ponderou o petista. O debate, segundo Nilmário, deve ser sobre o futuro, pois o governo enviou ao Congresso o projeto que cria a Comissão da Verdade, destinada a apurar casos de violação de direitos humanos ocorridos na ditadura. No PT e no PV, a orientação foi ignorar as declarações de Marta. "É completamente estapafúrdio, extemporâneo. Não é mais de interesse da sociedade esse debate. A realidade era completamente diferente no passado", disse o presidente nacional do PV, o vereador José Luiz Penna.