
27 de agosto de 2009 | 23h12
Francenildo deixa o STF Foto: Celso Junior/AE
Com uma palavra, "decepção", seguida de um balançar de cabeça em sinal de desaprovação, o caseiro Francenildo dos Santos Costa deixou nesta quinta-feira, 27, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), antes mesmo do encerramento da sessão que livrou o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci de sentar no banco dos réus. De terno cinza e gravata vinho, Nildo assistiu ao julgamento ao lado do advogado Wlício Chaveiro do Nascimento.
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Ele chegou ao tribunal esperançoso, mas o ambiente grandioso e solene do STF, no qual entrou pela primeira vez, o deixou visivelmente intimidado. Quando lhe perguntaram sobre a expectativa em relação ao resultado do julgamento, ele brincou. "Minha expectativa é que o Palmeiras ganhe", respondeu.
Nervoso na maior parte do tempo, Nildo esfregava com força as mãos, a ponto de deixá-las vermelhas, a cada vez que seu nome era citado. Ficou particularmente incomodado com a linguagem rebuscada do ministro Marco Aurélio Mello.
Não entendeu sequer que ele votava contra Palocci quando defendia a tese de que se deveria ouvir o Ministério Público antes de arquivar a denúncia e usava palavras empoladas. "É preciso, antes, que o órgão investido do poder judicante se manifeste", dizia o ministro. O caseiro, preocupado, cochichou ao ouvido do advogado: "Isso é bom ou ruim?"
No início da sessão, durante leitura da denúncia pelo ministro relator, Gilmar Mendes, Nildo riu pela primeira vez ao ouvir a descrição do tumulto que teria ocorrido na cabeça do ex-ministro e seus assessores no momento em que souberam de depósitos de quase R$ 40 mil na conta do caseiro. Mas fez cara de censura quando o advogado José Roberto Batochio, defensor de Palocci, se referiu a ele, Nildo, com ar de desdém.
Ao argumentar que a Justiça não pode se nortear pelo posto ou pela importância de quem acusa ou é acusado, Batochio disse que o que estava em questão não era "uma disputa do poderoso contra o humilde, o singelo, o quase indigente", mas o alcance da Justiça.
Nildo franziu o cenho e virou o rosto, visivelmente contrariado. Na hora da votação, quando sentiu que Gilmar Mendes dirigia o voto para o arquivamento da denúncia contra Palocci, o caseiro demonstrou desânimo, falou algo para o advogado e permaneceu estático, com a mão no queixo, durante boa parte do restante da sessão.
À saída, com visível ar de derrota, ele não quis falar com a imprensa. "Ele está profundamente frustrado", resumiu o advogado.
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