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França quer fechar Guiana a invasão de brasileiros

Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi eleito em parte graças à sua plataforma de controle da imigração ilegal em território nacional. Agora, quem pode começar a sofrer com suas políticas são os brasileiros que praticamente todos os dias cruzam a fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa. Assessores políticos de Paris confirmaram ao Estado que o tema da imigração ilegal para a região foi colocada como um dos assuntos na agenda do governo francês nas últimas semanas e se prevê inclusive o envio de policiais e equipamentos para a Amazônia. Paris ainda pretende estabelecer um diálogo mais intenso com Brasília para tentar encontrar uma solução para a entrada ilegal de brasileiros na Guiana. O Itamaraty reconhece a existência do problema e diplomatas citam a "porosidade da fronteira" como obstáculo a qualquer tipo de controle. Na semana passada, o secretário de Estado da França para Regiões Ultramar, Christian Estrosi, foi até a Guiana e prometeu enviar policiais e forças de ordem para vigiar as fronteiras com o Brasil. O número de funcionários na aduana na região do Oiapoque também será incrementado - de 30 para 70 pessoas. Para os franceses, a decisão de reforçar o controle ocorre diante do aumento sem precedentes no número de pessoas vivendo nas vilas francesas estabelecidas à beira do Rio Oiapoque, fronteira natural com o Brasil. Um dos exemplos é a cidade de Saint-Georges. Dados oficiais indicam que o local dobrou sua população em apenas quatro anos. Hoje, conta com 3,6 mil habitantes e o temor é de que essa população chegue a 7 mil até 2010 se o fluxo de ilegais continuar. As autoridades francesas alegam que estão com dificuldades cada vez maiores para prestar serviços públicos adequados aos cidadãos. "Saint-George não pode ser o receptáculo de todos os que chegam aqui procurando um Eldorado", afirmou Estrosi na semana passada em reportagem do Le Monde. Apenas em 2006, 8,1 mil pessoas foram deportadas da Guiana, quase 20% do total promovido pelas autoridades francesas em todos os seus departamentos e regiões pelo mundo, inclusive a França metropolitana.

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