Fracassa tentativa de acordo com a oposição sobre CPI

'Como não há consenso nem aqui, não vou arbitrar sobre este assunto', disse Lula durante reunião na segunda

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Por Christiane Samarco e Eugênia Lopes
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O Palácio do Planalto reabriu na segunda-feira, 25, a negociação para dividir o comando da CPI mista dos Cartões Corporativos com a oposição e entregar a presidência ao PSDB, mas não houve acordo. Na reunião, conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ficaram sozinhos em defesa da tese de que o melhor para o Planalto é encerrar a crise com a oposição no Senado para não dificultar seus próprios interesses. Veja também: Garibaldi aposta em 'bom senso' na divisão de cargos da CPI Entenda a crise dos cartões corporativos   Após leitura, Senado instala CPI mista dos cartões Para a surpresa de Jucá e Múcio, até a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), foi contra o entendimento. "Como não há consenso nem aqui, não vou arbitrar sobre este assunto", disse Lula segundo um dos presentes, recomendando que a decisão seja tomada pelos líderes governistas no Congresso. "Se eu me meter neste assunto, vou dividir a base que eu demorei tanto tempo para articular. Não vale a pena", encerrou o Presidente. Até o início da reunião, setores do PMDB, do governo e do PT acreditavam que Lula e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, haviam mudado de posição e acatado as ponderações de Jucá e Múcio. Neste cenário, a expectativa era de que o presidente convencesse o PT do líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), de que o melhor era ceder à oposição, para não prejudicar o Planalto no Senado, onde a maioria governista é estreita. Ocorreu o contrário. A ministra Dilma e o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins ficaram contra, e foi Fontana que acabou convencendo Roseana a mudar de idéia. Para sensibilizar o presidente e os colegas de liderança, Fontana levou ao Planalto um levantamento mostrando que tamanha generosidade para com a oposição não tinha precedente na história recente. Nem no governo anterior de Fernando Henrique Cardoso, nem durante a administração atual, houve um só caso em que os maiores partidos abrissem mão de comandar uma comissão de inquérito, como determina o regimento interno do Senado. "Estou muito dividida depois que vi o levantamento do Fontana", contou Roseana depois da reunião. O governo havia decidido retomar as negociações diante da criação iminente de uma CPI exclusiva de senadores para apurar os gastos corporativos do Executivo, o que tumultuaria o ambiente político e agravaria a crise no Senado. Como os partidos da base aliada já haviam concordado com Jucá, faltava apenas convencer o PT. Para tanto, o presidente Lula precisava entrar pessoalmente em ação. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), também tem interesse em evitar dois inquéritos para não tumultuar a agenda do Senado. "Só haverá a outra CPI, a do Senado, se não houver entendimento. Se há possibilidade de um acordo, vou esperar a fumaça branca", disse Garibaldi na segunda-feira.

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