Fórum Social Mundial terá propostas para mudar o mundo

Por Agencia Estado
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A terceira edição do Fórum Social Mundial, que começa nesta quinta-feira e já movimenta Porto Alegre, volta-se à apresentação de propostas para transformar o mundo atual no novo mundo possível defendido pelo evento. "Já passamos pela fase de análise da situação, no primeiro fórum, e pela de apresentação de alternativas, no ano passado", avalia Maria Luisa Mendonça, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, uma das oito entidades que fazem parte do Comitê Nacional do Fórum Social Mundial."Agora a discussão volta-se para como fazer aquilo que queremos", acredita. As resoluções, no entanto, não serão do comitê organizador, que sequer está orientando os participantes a partirem para a apresentação de propostas, apenas constatou que isso é uma tendência deste ano. O Fórum não promove campanhas e nem produz declarações ou documentos. Mas seus participantes emitirão centenas de resoluções a serem aplicadas nos próximos meses. A primeira proposta oficial e documentada pode sair antes do início do Fórum. A Via Campesina, organização que reúne centenas de entidades de pequenos agricultores de todo o mundo, promove sua assembléia internacional de terça-feira a quinta-feira, num ginásio do bairro Santo Antônio. O encontro deve referendar propostas que depois serão levadas a diferentes fóruns internacionais. "Nossa estratégia central é defender as sementes como patrimônio da humanidade e não de empresas particulares", destaca um dos dirigentes da organização no Rio Grande do Sul, Paulo Faccioni. "Também somos contra os transgênicos e a inclusão da agricultura nos assuntos da esfera da OMC (Organização Mundial do Comércio)", complementa. Outra organização participante do Fórum seguirá na mesma direção da Via Campesina. "Vamos pedir aos governos que não firmem os acordos de agricultura na OMC", anuncia o norte-americano Peter Rosset, diretor do Instituto de Políticas de Desenvolvimento e Alimentação, sediado em Berkeley. Rosset está entre os que condenam as táticas comerciais de seu país. "Os Estados Unidos tentam impor o acesso às suas mercadorias na Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e, contraditoriamente, defendem a liberdade de comércio na OMC", critica. Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), além de estabelecer diagnósticos ou formular propostas, o Fórum Social Mundial fortalece os movimentos sociais pela troca de experiências e pelos laços afetivos. "Somos solidários aos camponeses europeus que lutam por um novo modelo de agricultura", diz o líder sem-terra Gilmar Mauro. Assim como sementes, agricultura e comércio internacional, a perspectiva de guerra no Iraque e o início do governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil estarão entre os temas mais discutidos do Fórum, pela atualidade que têm mesmo quando não constarem na programação. "O governo Lula vai aparecer como referência porque os participantes do Fórum reconhecem nele a perspectiva de mudanças calcadas nas críticas que eles mesmo fazem (à globalização neoliberal)", avalia Sérgio Haddad, da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong). Rosset concorda, lembrando que a eleição de Lula deu esperanças ao movimento social em todo o mundo. Mas sugere que o novo presidente seja cobrado. "O movimento social brasileiro deve manter a pressão para contrabalançar a pressão que os grupos poderosos certamente já estão fazendo sobre o governo", recomenda. As atividades paralelas ao Fórum Social Mundial começaram neste domingo com a abertura do Fórum Mundial de Educação. Nesta segunda-feira, as organizações participantes do Comitê Organizador têm encontro com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto(PMDB), para receber a ajuda de R$ 1,8 milhão ao evento. E amanhã é dia da abertura do Fórum Mundial de Juízes.

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