Fórum quer compromisso de Lula para ´acalmar´ movimentos sociais

Ao contrário da última eleição, em que se mantiveram afastados do debate eleitoral, neste ano os movimentos sociais prometem sair às ruas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de 300 movimentos sociais e organizações não-governamentais reunidos no II Fórum Social Brasileiro exigiram neste domingo, no Recife, no encerramento do evento, um compromisso público de Lula com o povo brasileiro, nos mesmos moldes da Carta de 2002 em que o presidente garantiu que não daria calote na dívida externa e acalmou o sistema financeiro internacional. "Aquela carta ao povo brasileiro foi para acalmar o mercado, agora o governo deve acalmar os movimentos sociais", resumiu Antonio Carlos Spis, da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ao contrário da última eleição, em que se mantiveram afastados do debate eleitoral, neste ano os movimentos sociais irão para as ruas. Unificados e dispostos a conseguir mais que programas assistencialistas, num reforço à tese de que eleição deve ser conjugada com mobilização popular, sob o risco de não se conseguir transformações sociais. Ao falar na plenária, o coordenador nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, afirmou que não haverá trégua na luta contra o agronegócio e pela reforma agrária. "Vamos garantir que nenhum latifundiário fique em paz", disse. " Ele pode esta na sua casa de praia, mas não vai dormir sossegado, sempre ligando para o caseiro para ver se o cadeado da porteira ainda não foi quebrado". Documento Ainda ao lado de Lula, diante da convicção de que a eleição de Alckmin seria um retrocesso para as lutas populares, o Fórum destacou em um documento aprovado por aclamação que a agenda neoliberal prega tudo o que os movimentos sociais condenam: a volta da Alca (Associação do Livre Comércio das Américas), o abandono da integração latino-americana, aumento do superávit primário, retomada das privatizações de empresas públicas e contra as reformas tributária, previdenciária e trabalhista. O documento unifica as reivindicações de sem-terra, sem-teto, sindicatos, desempregados, associações de pequenos agricultores, estudantes. Lideranças da CUT garantem que não se trata de "mais um documento", nem se limita a uma teoria ou tese. Ele servirá de base para o debate político a ser realizado em todo o País, nos Estados, municípios e bases dos movimentos sociais e representa uma plataforma de desenvolvimento social alternativo, antiimperialista e antineoliberal. Ele não será entregue ao pré-candidato a presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, nem ao presidente Lula.. "O projeto passa pelo presidente Lula, mas vai muito além disso, até porque Lula não concorda com muitas das propostas", afirmou a diretora de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (Une), Luciana Stumpf. Reivindicações Combate às desigualdades e exclusão sociais, mudança da política econômica, reforma agrária massiva, reforma urbana e foco na criação de empregos, são alguns dos itens. Pede auditoria e redução das taxas de juros, é contra a autonomia do Banco Central, defende uma política externa independente e a integração solidária da América Latina em várias dimensões: política, institucional, energética (com financiamento de fontes renováveis), física, comercial, em defesa ambiental e tecnológica. Contra a corrupção na gestão pública, por uma ampla reforma política, sem cláusula de barreira, pela liberdade política para os movimentos sociais, contra a criminalização das lutas populares. Também se posiciona contra a corrupção na gestão política, pede socialização da saúde e melhor qualidade da educação. O teor integral do documento estará na Internet na terça-feira. No dia Primeiro de Maio, será lido em cada Estado durante as mobilizações populares previstas para a data.

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