PUBLICIDADE

Força Sindical e CUT relutam em aceitar mínimo de R$ 350

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou, na entrada do Ministério do Trabalho, que os sindicalistas não podem ceder mais do que já cederam nas negociações com o governo para o aumento do salário mínimo. "Nós cedemos em tudo, estamos no limite. No palavreado sindical, nas últimas reuniões nós abrimos as pernas", disse Paulinho. O sindicalista afirmou que não será aceita a proposta do governo de aumentar o piso salarial em R$ 350 a partir de maio e reajustar em 7% a tabela do Imposto de Renda. Segundo ele, as centrais sindicais querem que, pelo menos, os R$ 350 sejam pagos a partir de março e a tabela do IR seja reajustada em pelo menos 8,67%, número próximo dos reajustes salariais obtidos pelos trabalhadores. Além disso, Paulinho quer que a data base do piso salarial seja alterada, a partir de 2007, para janeiro. "Estamos próximos de um acordo. Só não sai se o governo não quiser", disse ele. "Se fizer acordo conosco, o governo vai apanhar menos do que já iria apanhar por ter prometido dobrar o poder de compra do salário mínimo." CUT Já o presidente da CUT, João Felício, afirmou que não haverá acordo com o governo se houver insistência na proposta de aumentar o mínimo para R$ 350 somente a partir de maio e reajustar a tabela do Imposto de Renda apenas em 7%. "Se o governo disser que não dá para mudar, então hoje não haverá acordo", disse ele, no momento em que chegava ao Ministério do Trabalho para mais uma rodada de negociações com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e da Fazenda, Antonio Palocci. Felício afirmou que, para haver acordo, é preciso que haja uma "inflexão" na proposta do governo. Ou seja, o governo precisa ceder em pelo menos um dos pontos. Ele explicou que a CUT fecharia acordo, por exemplo, se o governo aumentasse o mínimo para R$ 360 a partir de maio, mas também haveria disposição de negociar, se o governo aumentasse o piso salarial para R$ 350 a partir de março. "Há disposição de negociar, mas é preciso uma inflexão do governo. Há possibilidade de avançar. A palavra agora está com o governo", disse. O presidente da CUT ressaltou que seria melhor para o governo fechar um acordo agora com os sindicalistas do que ter de enfrentar a disputa política no Congresso. "Isso seria nitroglicerina pura", argumentou. Questionado sobre o impacto que o reajuste do salário mínimo causaria nas contas públicas, Felício afirmou que essa é uma questão que cabe ao governo resolver, fazendo uma opção política. "Os juros altos provocam um impacto muito maior nas contas públicas", disse Felício, acrescentando que há camadas privilegiadas na sociedade brasileira do ponto de vista tributário. "Os banqueiros não pagam imposto neste país", disse o sindicalista. Ele lembrou que já apresentou uma proposta para que fosse criada uma tributação única de 1,5% para as famílias com patrimônio superior a R$ 2,4 milhões. Segundo ele, essa tributação, que seria feita uma só vez, formaria um fundo de R$ 23,8 bilhões. "Isso daria para dar aumento real de 9% para o mínimo durante sete anos. É absurdo isso? Não é?", questionou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.