Folga às sextas-feiras prejudica população, diz oposição no Pará

Segundo Ana Júlia, intenção era ?respeitar o hábito? dos paraenses de viajar nos finais de semana

PUBLICIDADE

Por Carlos Mendes
Atualização:

O líder da oposição no Pará, deputado José Megale (PSDB), criticou ontem o decreto baixado pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), decretando ponto facultativo para todos os servidores públicos do Estado nas sextas-feiras de julho, período de férias escolares. "É um absurdo, uma irresponsabilidade. Só hoje (ontem) fui procurado por cinco pessoas que vieram do interior do Pará para tratar assuntos de seus interesses em órgãos públicos e encontraram as portas fechadas", denunciou. De acordo com o parlamentar, a governadora, antes de assinar o decreto, deveria ter estabelecido um escalonamento de pessoal nos órgãos públicos, para que os serviços essenciais à população não fossem prejudicados. No começo de agosto, quando os deputados voltarem do recesso, Megale promete fazer um "duro pronunciamento" para mostrar os "prejuízos" sofridos pela população. "Está prejudicada a área de saúde, a educação, tudo", disse o oposicionista. Ele entende que mesmo a forte tradição do povo paraense de sair para as praias no final de semana não justifica a lavratura de um decreto estabelecendo folga às sextas-feiras. A iniciativa, publicada no Diário Oficial do Pará no último dia 4, beneficiou 90 mil servidores, mas "penalizou", nas palavras do deputado, 7 milhões de paraenses. O deputado Airton Faleiro, líder do PT na Assembléia, argumenta que a governadora não teve intenção de prejudicar o povo. "Nós temos em Belém uma coisa que é tradicional e cultural durante o mês de julho, que é as pessoas deixarem a capital rumo às praias e ao refúgio do interior do Estado para reabastecer suas energias e depois voltar à rotina de trabalho e estudo", justificou. SERVIÇOS ESSENCIAIS Ana Júlia, em conversa com o deputado, afirmou que a decisão de dar as folgas às sextas-feiras era uma forma de "respeitar o hábito" da população, mas com o cuidado de manter os serviços essenciais em funcionamento, para não prejudicar quem ficou na capital. De acordo com Faleiro, se os órgãos estavam todos fechados às sextas-feiras, como comprovou o Estado, o fato precisa ser apurado. Ainda segundo o aliado da governadora, ponto facultativo não é feriado e quem está no comando de um órgão público deveria negociar com seus funcionários a garantia do funcionamento da repartição. Se não houve isso, "será preciso corrigir", disse Faleiro. A petista já tomou outras medidas polêmicas, como a nomeação de parentes na administração local. Em maio, teve de exonerar o irmão Luiz Roberto de Vasconcelos Carepa, diretor de Saúde Pública. Anteriormente, já tinha indicado outro irmão, José Otávio Carepa, para a Subsecretaria de Esportes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.