Fogaça tenta reeleição inédita em Porto Alegre

Favorito nas pesquisas, candidato, que era do PPS, poderá levar PMDB à prefeitura pela primeira vez

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Por Elder Ogliari
Atualização:

Depois de ter alijado o PT da cidade que governava havia 16 anos em 2004, José Fogaça tenta estabelecer duas novas marcas para sua carreira política neste domingo. Se vencer a disputa com Maria do Rosário (PT), se tornará o primeiro prefeito reeleito na capital gaúcha depois da redemocratização do País e o primeiro eleito pelo PMDB no município. Quando se elegeu pela primeira vez, em 2004, Fogaça era filiado ao PPS. E o PT elegeu seus candidatos sucessivamente quando a reeleição não era permitida, em 1988, 1992 e 1996. O partido não concorreu com o prefeito em exercício, Raul Pont, em 2000, quando elegeu Tarso Genro, que já havia governado a cidade de 1993 a 1996. Todas as pesquisas indicavam que Fogaça estava próximo de sua meta, mais de dez pontos a frente da adversária. Para o PT, a vitória significa a reconquista da cidade que lhe deu projeção internacional, tanto pelo orçamento participativo quanto pelo Fórum Social Mundial, que se contrapôs à globalização neoliberal do final dos anos 90. Mas não só. "A retomada de nosso projeto representaria um novo momento do PT, no qual se renovam os quadros", diz a candidata, integrante de uma segunda geração de líderes petistas, que não assumiu cargos como a primeira, formada por Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont. A disputa reprisa o embate mais nervoso do Rio Grande do Sul. Somente em segundos turnos, PMDB e PT enfrentaram-se pela Prefeitura de Porto Alegre em 1992, pela de Caxias do Sul em 1996, 2000 e 2004, e pelo governo do Estado em 1994, 1998 e 2002. Apesar da rivalidade, a campanha foi morna. Nem de longe lembrava os anos 90, quando os debates eram tensos e as ruas ficavam tomadas de militantes. Como saiu do primeiro turno em desvantagem, com 22,7% dos votos diante dos 43,8% de Fogaça, Maria do Rosário teve de fazer uma campanha mais agressiva e tratou de expor como pontos fracos de Fogaça os serviços deficientes de saúde, a falta de agilidade para captar recursos do governo federal e o apoio da governadora Yeda Crusius (PSDB), constrangida por irregularidades praticadas por aliados. Como precisava apenas administrar a vantagem, Fogaça passou a campanha explicando que herdou a prefeitura com déficit e arrumou a casa.

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