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FMI não dará ajuda imediata a Argentina

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Por Agencia Estado
Atualização:

O máximo que o ministro da Economia da Argentina, Jorge Remes Lenicov, pode conseguir em sua visita de dois dias a Washington, a partir de terça-feira, é chegar a um entendimento com a direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o início da negociação de um programa econômico. Para alcançar tal resultado, ele terá de convencer o diretor-gerente do FMI, o alemão Horst Köhler, a sua vice, a americana Anne Krueger, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O?Neill, com quem também se encontrará, de que o governo do presidente Eduardo Duhalde está disposto a pagar o preço político da execução de uma política fiscal que feche o buraco negro dos orçamentos das províncias e a adotar soluções que contenham o estrago já feito pela crise no sistema financeiro e preservem os interesses dos credores externos. Fontes do FMI adiantaram no fim de semana que os argentinos não devem contar com o crédito de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões que as autoridades de Buenos Aires alardearam como a meta da viagem de Lenicov. No sábado, os ministros das Finanças do Grupo dos Sete países mais industrializados (G-7), que controlam as decisões do Fundo, deixaram claríssimo que a Argentina não deve ter tal expectativa ao endossar a posição dos Estados Unidos sobre a crise do país. Ao final de sua reunião semestral, realizada num hotel às margens do Lago Meech, perto de Ottawa, os ministros do G-7 disseram que não estão preparados para apoiar o desembolso de novos recursos das agências multilaterais de crédito para a Argentina, enquanto o seu governo não apresentar ao FMI um plano econômico realista, alicerçado numa base fiscal sólida e no respeito aos direitos dos credores. "Apoiamos os passos que a Argentina deu, mas acreditamos que é muito importante que (o país) trabalhe de perto com o FMI de forma a produzir um plano que seja sustentável", disse o ministro das Finanças do Canadá, Paul Martin, que presidiu o encontro do G-7. O grupo inclui também Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália. Reação negativa - A declaração confirmou que o plano anunciado por Lenicov foi considerado insuficiente, como o próprio ministro argentino reconheceu, na quarta-feira, quando cobrou uma "reação mais forte" do Fundo ao anúncio das medidas. Na verdade, a reação do FMI foi tão negativa que a instituição preferiu não se pronunciar publicamente. O silêncio de desaprovação da instituição só foi quebrado na sexta-feira, por uma declaração de boas-vindas de Köhler, depois que Lenicov forçou uma reação anunciando que viajaria a Washington. "Eles fizeram um par de coisas, mas não o suficiente para garantir um programa (com o FMI)", disse no mesmo dia um alto funcionário do governo Bush. "Eles terão de fazer mais coisas e esta será uma boa oportunidade para começar a conversar sobre essas questões." Se Lenicov realizar a proeza de convencer seus interlocutores de que o governo Duhalde está pronto para colocar tais medidas em execução, sua visita terminará com um anúncio da decisão do FMI de enviar uma missão a Buenos Aires para negociar um acordo. Mas, mesmo nesse cenário, o melhor resultado que o ministro argentino deve esperar, o governo do país terá apenas uma promessa de apoio da comunidade internacional. A ajuda propriamente dita não virá antes do mês que vem, se as autoridades começarem a efetivar as medidas adicionais durante as negociações, que se estenderiam pelo restante de fevereiro. Leia o especial

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