O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou nesta quarta-feira que não conhece o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) responsável pelo relatório não oficial que apontou, sem evidências, supernotificação de mortes de covid-19. "Se passar do meu lado eu não sei quem é", respondeu Flávio, questionado sobre o assunto em Washington, capital dos Estados Unidos.
Ao comentar a proximidade da família Bolsonaro com o auditor do TCU, Flávio criticou a CPI da Covid e a acusação de que o pai contou com um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde para definir as políticas de saúde durante a pandemia. Ele admitiu, no entanto, que o presidente ouve os filhos para a tomada de decisões, além de pessoas de fora do governo. "Deixa eu falar um pouquinho disso aí porque tem uma modinha nessa CPI maluca, que está acabando com a imagem do Senado, colocando a própria opinião pública contra o Senado, de uma espécie de gabinete paralelo", disse Flávio.
"Sou senador da República, sou filho do presidente. Óbvio que eu tenho acesso ao presidente todos os dias. Ele é uma pessoa adulta. Ele ouve um filho, ouve o outro e a decisão final é dele. Ele é o presidente das República, ele foi eleito para isso", completou o senador. Segundo ele, o pai dá "demonstrações" de ser um "grande democrata" ao consultar diversas pessoas "seja do governo, seja de fora do governo" para tomar decisões.
A existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde para aconselhamento de Bolsonaro durante a pandemia é objeto de investigação na CPI da Covid.
Auditor
Conforme informou o Estadão, o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques é amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), irmão de Flávio. O pai de Alexandre é o coronel Ricardo Silva Marques – formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), na mesma turma de Bolsonaro, em 1977 –, que hoje ocupa um cargo de diretor da Petrobrás.
"Não sei quem é essa pessoa. Pelo menos não me lembro quem é essa pessoa, de nome assim eu não estou lembrado", disse Flávio. O senador integra comitiva do governo brasileiro nos Estados Unidos para reuniões sobre a tecnologia 5G. O grupo, liderado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi composto por dois parlamentares aliados de Bolsonaro: Flávio e o líder do centrão, senador Ciro Nogueira (PP-PI), ambos suplentes na Comissão de Relações Exteriores.