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Fiscalização no Pará acha homem marcado a ferro

Por Carlos Mendes
Atualização:

Belém - O fazendeiro Gilberto Andrade terá de pagar R$ 45 mil de indenização a 35 trabalhadores rurais encontrados, na semana passada, em condições análogas à de escravidão na Fazenda Bonsucesso, em Paragominas, no leste do Pará. Andrade também responderá por danos morais coletivos contra os trabalhadores e poderá ser indiciado se for comprovado seu envolvimento na tortura de um homem que teve rosto, braços e abdome queimados com ferro para marcar gado. Entre os libertados pelos fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT-PA) havia três adolescentes. Nenhum dos trabalhadores tinha carteira assinada e todos comiam e dormiam em um curral em meio a fezes de animais. Andrade, dono de fazendas também no Maranhão, é reincidente em crimes dessa natureza. Em junho de 2005, foi preso pela Polícia Federal na Fazenda Boa-Fé Caru, em Carutapera (MA), por exploração de trabalhadores. O homem que foi torturado - cujo nome é mantido em sigilo pela DRT para evitar represálias - fugiu da fazenda em janeiro. "Fui reclamar que não me pagavam o salário atrasado, aí o encarregado me agarrou, chamou dois pistoleiros que me seguravam enquanto ele colocava no meu corpo o ferro quente usado para marcar o gado", conta a vítima no relatório elaborado pelos fiscais. O auditor fiscal Raimundo Barbosa da Silva, comandante da operação, disse que as condições do local onde viviam os trabalhadores eram degradantes. Tudo o que a vítima de tortura relatou foi confirmado pela fiscalização. Os libertados contaram que o denunciante não tinha nenhuma marca de cicatriz quando começou a trabalhar na fazenda. O fazendeiro não foi encontrado no Pará ou no Maranhão para comentar a denúncia.

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