Filme conta história de hino da Coluna Prestes usado pelo exército

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Por Agencia Estado
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Uma parceria entre a Fundação Cultural do Exército Brasileiro e o Ministério da Cultura levará ao grande público um dos episódios mais curiosos da História do Brasil. O hino Avante Camaradas, ouvido com freqüência nas cerimônias militares, paradas ou comemorações cívicas, não foi composto> para o Exército, mas para a Coluna Prestes, nos anos 20. Por um desses desencontros que ponteiam a vida das sociedades, o hino revolucionário acabou nas mãos das tropas que tinham sido destacadas para combater a Coluna Prestes, que, entre 1925 e 1927 marchou por boa parte do País, atravessando Minas Gerais, Bahia, Goiás, Paraíba, Pernambuco, até chegar ao Jalapão, hoje no Estado do Tocantins, e internar-se em território boliviano. No dia 21, a história inteira será mostrada em Brasília, com a exibição do filme Avante Camaradas, da cineasta Micheline Bondi. Será feita uma festa. O Exército não só vai hospedar os componentes da banda Filarmônica Lira Angicalense, como vai treiná-los a tocar o antigo hino. Depois da exibição do filme, no Cine Brasília, a Filarmônica Angicalense executará Avante Camaradas com reforço da banda militar. No dia 8 de abril, o filme será exibido em Salvador, na Biblioteca Pública da Bahia. O hino foi composto pelo maestro Antonino Espírito Santo, que nasceu em Angical, no oeste da Bahia. O filme conta a história do hino - como foi composto para a Coluna Prestes e caiu em mãos dos oficiais do Exército. De acordo com o curta-metragem, de pouco mais de 14 minutos, realizado em 1986 e que contou com a participação de atores e cidadãos de Angical, nos anos 20 chegou ao município a notícia de que os integrantes da Coluna Prestes aproximavam-se de São Romão, no Rio São Francisco, muito perto dali. Entusiasmados com as notícias exaltadas que os jornais narravam sobre a insurreição comandada pelo capitão Luiz Carlos Prestes, Angical inteira se preparou para receber os revolucionários com uma festa sem precedentes. Acontece que a Coluna se desviou, seguiu cinco dias pela Bahia, avançou rumo ao Maranhão e se desviou para Pernambuco. Na ocasião, foi registrada uma grande batalha em Piancó, na Paraíba. Depois, a Coluna avançou novamente pela Bahia e o povo de Angical se animou. O maestro Antonino Espírito Santo então compôs o dobrado Avante Camaradas. Segundo a fita de Micheline Bondi, Antonino passou a tocar a marcha todos os dias no coreto da praça, com a participação dos cidadãos de Angical. Numa manhã, quando o povo da cidade acordou, percebeu que havia novidades por ali. Decepção. Quem chegou foi um destacamento do Exército, incumbido justamente de tentar parar a Coluna Prestes. Os militares acamparam em Angical e, durante o tempo em que passaram por lá, ouviam todos os dias os acordes do Avante Camaradas. Decoraram o hino. Assim que Prestes alcançou a Bolívia, o destacamento foi autorizado a voltar para o Rio de Janeiro. Os soldados foram embora cantando o Avante Camaradas, que logo se propagou por todo o País e acabou adotado pelo Exército.

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