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Filhos vêem Marta como mulher à frente do tempo

Por Agencia Estado
Atualização:

O roqueiro Supla, Eduardo Smith Vasconcellos Suplicy, por pouco não teve pais hippies. No auge do movimento, nos anos 60 e 70, Marta e Eduardo Suplicy viviam nos Estados Unidos e viam de perto ícones como Janis Joplin e Jimi Hendrix influenciarem corações e mentes de legiões de jovens. Marta seguiu outro rumo, o da linha feminista. A opção influenciou decisivamente a carreira profissional da hoje prefeita e candidata à reeleição de São Paulo. Para alívio do filho Supla. ?Ela sempre foi muito avançada para o Brasil?, diz Supla, de 38 anos. ?E capaz de suportar muita pressão, como nos tempos da TV Mulher?, completa o irmão João, de 30, também músico. Os dois se referem à participação de Marta Suplicy, então psicóloga, como apresentadora de um bloco sobre comportamento sexual no programa da Rede Globo de 1980 a 1986. Na época, muitas mães preferiam fazer tricô e cozinhar bolos a discutir abertamente temas como a união civil de homossexuais e o aborto. Os filhos não se esquecem das cartas ofensivas que a mãe recebia de mulheres carolas, enfurecidas. Do estrelato televisivo para a política, foi só um passo. Mas inesperado para o caçula João. ?Estranhei porque ela dizia em casa que não entendia como meu pai (o senador Suplicy) podia gostar da vida política.? Marta foi eleita deputada federal em 1994, aos 49 anos, o que para muitos é considerado tarde. Em 1998, candidatou-se ao governo do Estado, ficando em terceiro lugar. Dois anos depois, elegeu-se prefeita. Virou vitrine e vidraça. ?A mãe Marta é uma pessoa que a imprensa não tem interesse em mostrar?, protesta o filho André, de 35 anos, advogado. ?Ou seja, uma mãe muito boa e amorosa, atenciosa, inteligente, objetiva, sensível, corajosa, que não tem medo de quebrar tabus.? A bonitona Dentro de casa, os filhos do casal Suplicy tiveram aulas particulares de educação sexual. Marta os aconselhava a usarem preservativo e a tomarem cuidado nas relações. ?Se você tem saúde muito boa, vai querer estragar??, perguntava ela. Para os outros assuntos, o diálogo franco também era praxe. ?Ela dizia que se não fizesse a lição de casa, ficasse de recuperação ou não passasse de ano, seria eu o prejudicado, não aprenderia, nem tiraria férias e teria de ficar separado dos amigos?, diz André. Dos três, João era o mais apegado à mãe. Todos adoravam conversar com ela. E amavam ser invejados por causa dela. ?É, pode ficar babando para minha mãe bonitona?, dizia o filho Supla, sempre que ela ia buscá-lo e ele ficava rodeado de coleguinhas na hora da saída da escola. De temperamento mais agitado, ao contrário da tranqüilidade franciscana de Suplicy, Marta sempre foi a chefe do lar ? a que cuida dos afazeres domésticos e trabalha ao mesmo tempo. Ordenava a rotina familiar, controlava o horário dos filhos pequenos, tomava a lição de casa e comparecia às reuniões escolares. ?Me lembro de quando diziam que a minha mãe se aproveitava do meu pai. Ela trabalhou muito para pagar a nossa educação, nas melhores escolas?, afirma Supla. ?Essa visão é fruto de uma sociedade machista.? A prefeita do PT é avó de três netos, dois filhos de João e um de André. Em abril de 2001, Marta e Suplicy anunciaram a separação ? fato fartamente explorado pela mídia, sobretudo após o casamento dela com o argentino Luís Favre, em 2002. ?Ela se separou numa hora difícil, porque não queria viver na mentira?, diz João. Os três ficaram orgulhosos por ela ter sido corajosa também nesse episódio.

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