Filha de Lúcio Costa assume Iphan

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Por Agencia Estado
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A recuperação de cidades históricas, como Ouro Preto e Salvador, a formação de mão-de-obra, o incremento do turismo cultural e a reestruturação administrativa são as metas da nova diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Maria Elisa Costa, filha do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que projetou Brasília nos anos 50 e, nos anos 30, foi um dos fundadores do órgão. ?Não pretendo, ao menos este ano, mexer em cargos. As superintendências regionais e os museus do Iphan fazem um bom trabalho, cada um a seu jeito?, disse ela. ?O mais urgente é abrir as janelas e arejar essa estrutura, para que o Brasil se conheça e se reconheça.? Para Maria Elisa, o Iphan é parte de sua história pessoal e ela quer recuperar o espírito de sua criação, em 1937, por um grupo de jovens intelectuais, entre eles Rodrigo de Mello Franco, Mário de Andrade e Lúcio Costa. ?Era um caso de paixão pelo Brasil e não atraía vaidades por ser uma repartição discreta, com pouca ou nenhuma verba. Nesse sentido, a falta de recursos não atrapalha. Sempre faltou dinheiro?, comenta. ?Só que houve muitas intervenções e desvios de rota que resultaram num emaranhado de órgãos. Hoje há superposições de funções ao lado de omissões graves.? Maria Elisa ressalta que não mexeu ?uma palha? pela nomeação que a pegou desprevenida, quando passava o fim de ano em Crato, no Ceará, onde trabalhava num projeto de arquitetura. Ela recebeu um telefonema do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que conhecera nos anos 70, numa viagem à África. ?Ainda não sei qual será minha primeira medida, talvez reunir todo mundo para avaliar a situação, ver o que precisamos e o que temos à disposição. Ao contrário do que muitos pensam, o serviço público tem gente muito dedicada. Vamos valorizar e melhorar a formação dessas pessoas, já que não é possível mexer em seus salários.? Ela reconhece que há ações urgentes, pois o patrimônio físico vive em risco. ?Um incêndio como o da Sé de Mariana, em Minas (destruída em meados dos anos 90) não pode se repetir. Será que custa tão caro consertar uma fiação ou matar os cupins de um prédio? É disso que vamos tratar de imediato?, diz Maria Elisa. Além da convivência e do aprendizado com o pai, ela considera uma sorte ter trabalhado no interior do País. ?A gente costuma folclorizar o Brasil. Dei-me conta disso ao viajar pelo interior. É fácil conversar com o brasileiro comum desde que ele seja tratado como um igual, sem tom professoral, mas sem condescendência, como se não houvesse inteligência.? A nova diretora quer também que o patrimônio nacional seja um atrativo para o turismo. ?Isso vem acontecendo espontaneamente, embora de uma forma contaminada. Como o País se conhece muito pouco, o turismo cultural é definido pelos agentes de viagem, quando a relação deveria ser o contrário. Eles inclusive nos solicitam subsídios para seu trabalho?, afirmou Maria Elisa.

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