FHC viaja para os EUA e se afasta de crise política

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Por Agencia Estado
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Menos de uma semana depois de retornar da viagem para a Europa, na qual saboreou a sensação de estadista internacional, o presidente Fernando Henrique Cardoso está de malas prontas para embarcar novamente, na quarta-feira, desta vez para os Estados Unidos. Ele vai se encontrar na sexta com o presidente norte-americano George W. Bush, em Washington, e no sábado, discursa na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Fernando Henrique deve defender novamente a criação de uma CPMF internacional e de uma ordem mundial mais justa, sem o predomínio de uma nação sobre as demais. Enquanto isso, no plano doméstico, o presidente deixa de administrar uma série de crises, que acabam ficando nas mãos de seus assessores, ministros ou líderes partidários. A mais recente está ligada ao programa eleitoral de seu partido, o PSDB. O ministro da Saúde, José Serra, um dos presidenciáveis tucanos, bateu o pé e disse que só aceita participar de um horário eleitoral a partir de janeiro, para não antecipar a sua possível candidatura. O assunto virou cabo-de-guerra, pois o presidente nacional do partido, José Aníbal (SP), insiste na presença de Serra no programa, que já tem aparições confirmadas do ministro da Educação, Paulo Renato Souza e do governador do Ceará, Tasso Jereissati. A dança nas cadeiras dos Ministérios também está suspensa até que o presidente retorne. Mesmo confirmado como novo ministro da Integração Nacional, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) ainda não tomou posse no cargo, que continua sendo exercido pelo interino Pedro Augusto Sanguinetti. Por outro lado, a ida de Gregori para a embaixada brasileira em Portugal está na dependência da sabatina no Senado, que não tem data prevista. Especula-se que seja na quarta-feira, mas o gabinete do relator do processo, Roberto Saturnino (PSB-RJ) não confirma a informação. Para a vaga de Gregori, caso seja de fato confirmado como novo embaixador, está prevista a ida do atual secretário-geral da Presidência, ministro Aloysio Nunes Ferreira. Este, por sua vez, será substituído pelo deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do governo no Congresso. Mas nenhuma destas posses está com data marcada, apesar dos nomes já terem sido anunciados há semanas. Do ponto de vista econômico, o governo trava uma batalha com o Congresso por conta do projeto que reajusta a tabela do Imposto de Renda, congelada desde 1995. O temor da equipe econômica é de que as mudanças na tabela do IR provoquem perdas na arrecadação. Os parlamentares do governo e da oposição estão reunindo-se constantemente com o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, em busca de um denominador comum para resolver o impasse. O projeto deve entrar na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nesta semana, se não for novamente adiado. Se a situação interna está tumultuada, o presidente Fernando Henrique Cardoso aproveita para respirar em suas viagens para fora do país. Na ONU, ele deve, mesmo que em um tom mais ameno, defender o mesmo ponto de vista expressado na Assembléia Nacional Francesa, onde foi aplaudido nove vezes durante o discurso. Resta saber se a mensagem de um mundo formado por nações que possam competir economicamente em igualdade de condições, sem que uma delas tenha privilégios sobre as demais, vai funcionar nos Estados Unidos, responsável por quase 30% do mercado mundial.

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