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FHC rejeita acordo para salvar senadores

Por Agencia Estado
Atualização:

Nos intervalos da 3.ª Cúpula das Américas, que reúne 34 chefes de governo no Canadá, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem ser contra qualquer acordo para evitar a cassação dos mandatos dos senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF). O presidente defendeu que a violação do painel do Senado na votação que tirou o mandato do ex-senador Luiz Estevão seja investigada e todos os fatos revelados. Fernando Henrique também mandou um recado duro aos aliados que pretendem usar o apoio à CPI da Corrupção como moeda de troca com o Planalto. Segundo relato de parlamentares que integram a delegação que está em Quebec, o presidente avisou que o governo não pagará o preço de aceitar chantagem de políticos, só para impedir a abertura da CPI. De acordo com esses interlocutores, foi uma referência do presidente aos parlamentares evangélicos ligados ao Partido Liberal (PL), que divulgaram estar dispostos a assinarem o requerimento da CPI. "O momento é de esclarecer as questões e não existe o meu apoio nem minha decisão no que diz respeito ao PSDB, porque o resto é decisão do Legislativo, no sentido de fazer qualquer manobra para esconder fatos. Fatos têm de ser revelados no âmbito próprio que é o Senado", disse o presidente após café da manhã com o presidente da Argentina, Fernando de La Rúa. Os líderes dos partidos da base aliada do governo no Congresso ensaiaram nesta semana uma operação-abafa de bastidores, que serviria aos interesses de todos e acomodaria a crise política. A proposta, que começou a ser costurada por lideranças partidárias, tentava evitar a cassação dos dois senadores (o que interessaria ao PSDB e PFL), garantir um "cessar-fogo" ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), atingido pelas investigações sobre os desvios de dinheiro na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), e ainda retirar assinaturas de aliados à CPI da Corrupção, o que atenderia ao Planalto. CPI - Apesar de defender a apuração sobre a violação do painel do Senado, Fernando Henrique voltou a insistir que a CPI da Corrupção não deve ser instalada e fez um apelo aos políticos brasileiros para que "pensem no Brasil e deixem de lado querelas menores" o que, segundo o presidente não significa esconder nada embaixo do tapete. "Faço um apelo aos parlamentares brasileiros para que não transformem as coisas que existem na política em obstáculo à governabilidade porque isso não é patriótico", afirmou. Nas conversas mantidas no avião, durante a viagem, o presidente mostrou mágoa com ACM, seu ex-aliado. De acordo com o relato dos parlamentares, o Fernando Henrique considera que as acusações do senador baiano sobre corrupção no governo estão na origem de toda a crise política na qual está mergulhado o governo. "O presidente lembrou que muitas vezes deixou de responder a provocações do senador para evitar o conflito, mas não recebeu o mesmo tratamento", afirmou o deputado Germano Rigotto (PMDB-RS).

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