FHC espera que Bezerra peça demissão

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A situação do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, está muito complicada tanto no Palácio do Planalto quanto no PMDB. Segundo um colaborador do presidente Fernando Henrique Cardoso, ele está irritado com o ministro e será difícil que Bezerra consiga desfazer o mal-estar, ainda que explique e prove não estar envolvido nas denúncias de desvio de verbas da Sudene (por meio da empresa Metasa, da qual foi sócio de 1989 e 1998). ?Seria um favor se ele pedisse para sair do ministério?, resume o colaborador. No Planalto, o problema vai além do mérito das denúncias divulgadas neste fim de semana pela revista Veja. Mais do que as acusações, que podem até ser respondidas, o que deixa o ministro em situação desconfortável é o fato de ele ter escondido que havia sido beneficiário de empréstimos da Sudene. ?Bezerra teve oportunidade de fazê-lo e não o fez?, cobra o interlocutor presidencial. Além de perder o apoio do governo, o ministro também está em apuros no PMDB e pode acabar rifado pelo próprio partido. A cúpula peemedebista, que passou o domingo trocando telefonemas para discutir o caso, decidiu não partidarizar o episódio. Os cardeais do PMDB não estão dispostos a desgastar-se, defendendo um ministro que revelou-se lento demais para dar respostas. Bezerra prometeu apresentar o dossiê de sua defesa neste terça-feira, em entrevista coletiva. Para agravar ainda mais a situação, vários deputados peemedebistas lembravam neste domingo que ele mesmo já alardeou sua intenção de trocar o partido pelo PTB, em busca de espaço para sua candidatura para governador do Rio Grande do Norte. Procurado por vários deputados que apelaram para que o PMDB não se envolva neste caso, com o argumento de que Bezerra sempre fez questão de rotular-se como ministro do presidente Fernando Henrique, o líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), não teve dúvidas: ?Torço para que Fernando Bezerra encontre as respostas de que precisa para sair desta situação, mas por ser um ministro do presidente Fernando Henrique, este é um problema do presidente.? A reportagem da revista diz que a Metasa recebeu R$ 6,67 milhões da Sudene que, no entanto, não teria aplicado os recursos na produção de 400 toneladas de ferro por ano nem criado os empregos previstos no contrato de financiamento. ?O ministro tem de explicar com muita clareza e firmeza tudo isto, ou a situação dele no governo fica muito difícil?, admite Geddel. O colaborador presidencial destaca que Bezerra teve apoio incondicional do Planalto, quando convocou a imprensa para dizer que era o ?lixeiro e não o lixo?, no caso das denúncias na Sudene e Sudam, extintas na semana passada. Bezerra alega que está sendo vítima de extorsão e divulgou o texto da degravação de uma conversa que teria ocorrido no escritório de sua empresa de construção civil, a Ecocil, em Natal. Segundo ele, a Polícia Federal foi informada da gravação, assim como o advogado-geral da União, Gilmar Mendes. A corregedora-geral da União, ministra Anadyr de Mendonça Rodrigues, evitou falar sobre o caso. Por intermédio de sua assessoria, afirmou que todas as irregularidades ocorridas com recursos da Sudene serão apuradas por ela até o fim. Anadyr já designou um procurador federal do quadro da Corregedoria para apurar todas denúncias de desvio de recursos na Sudene.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.