FHC diz que se surpreendeu com Ziegler

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que se surpreendeu com os comentários feitos por Jean Ziegler, relator especial da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para o Direito à Alimentação. "Ele passou dos limites", disse. Fernando Henrique explicou que não teve acesso ao documento oficial das Nações Unidas e que apenas leu nos jornais as reportagens relativas aos comentários de Ziegler. "Me surpreendi porque conheço o professor, estive com ele, e ele é uma pessoa normalmente ponderada. Pelas informações a serem validadas, ele passou dos limites", comentou o presidente, levantando dúvidas sobre a fidelidade das declarações de Ziegler ao relatório da ONU. O presidente definiu como um "exagero" a declaração de Ziegler de que existem 25 milhões de pessoas com fome no Brasil. "Precisa mostrar onde. Subnutridos, há, e claro que haverá alguns com fome. Mas é um exagero (falar em 25 milhões)". O presidente fez ainda uma recomendação aos comissários da ONU em visita ao Brasil. Segundo ele, quem representa as Nações Unidas "tem de meditar muito sobre o que faz, o que fala, o que escreve porque ele tem uma responsabilidade imensa". Ressaltou ainda que considera que o IPEA conta com dados sérios e que o brasileiros igualmente têm informações sobre o que acontece nesta área. Fernando Henrique Cardoso afirmou ainda que se o indicador de concentração de renda no País não melhorou, pelo menos não é pior que no passado. Ele lembrou que este indicador não é o mesmo daqueles que medem a quantidade de pobres no País. "Mede a desigualdade, que é uma coisa ruim e que quer dizer que pode ter gente enriquecendo muito depressa", explicou. Mostrou que nos Estados Unidos e Inglaterra, ao contrário do Brasil, a concentração de renda vem piorando. Ressaltou ainda que no Brasil a desigualdade vem sendo combatida com políticas nas áreas de saúde, educação e acesso a terra. "Elas levam tempo, mas são as únicas eficazes", destacou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.