FHC diz que 'é cedo' para saber quem teria mais chances em 2018, Doria ou Alckmin

Ex-presidente também apontou que o candidato terá de dialogar com todo o País, não apenas São Paulo, e partidos vão 'vão procurar quem tem mais possibilidade de ganhar'

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Por Roberta Pennafort
Atualização:
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Foto: FABIO MOTTA/ESTADAO

RIO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), disse nesta quinta-feira, 17, que vai apoiar em 2018 o candidato que “conseguir falar com o Brasil”, e não só com São Paulo, e afirmou ser cedo para definir qual tucano teria mais chances de chegar à Presidência da República, o governador Geraldo Alckmin ou o prefeito João Doria.

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“Qual dos dois? Vou ver o que vai acontecer com a sociedade. Para um paulista é muito difícil ser nacional, porque São Paulo tem especificidades. O candidato tem que falar com o Brasil, não adianta ser só a sua turma. Tem que expressar a contemporaneidade e ser ético. Os partidos vão procurar quem tem mais possibilidade de ganhar”, disse.

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FHC falou a empresários de diferentes setores num almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Ao falar da reforma política e fazer uma análise da conjuntura brasileira por 43 minutos, foi aplaudido em diversos momentos. Ao chegar, o presidente de honra do PSDB foi saudado pela presidente da ACRJ, Ângela Costa, como símbolo do “Brasil que deu certo”.

Respondendo a perguntas da plateia, ele foi questionado: “O PSDB morreu?” FHC disse: “(Sim), na medida em que os outros partidos também acabaram. A crise é geral, o que não significa que os partidos vão desaparecer. Na próxima eleição eles estarão aí. O PSDB tem possibilidades. É preciso ver que ideias o PSDB vai ter e que pessoas vão incorporar isso. Se eu puder ajudar, ajudo. Vou pensar primeiro no Brasil”.

PARTIDOS COMO 'LOBISTAS' O ex-presidente também deu sugestões sobre a reforma política hoje em debate pelo Congresso. Para ele, as mudanças no sistema eleitoral do País deveriam começar nos municípios, que serviriam como um laboratório. “Por que não começar com os vereadores, onde é mais natural que se 'distritalize'?”, disse FHC ao comentar a discussão sobre o distritão. 

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Mais do que fazer a reforma política, é preciso mudar a cultura política no Brasil, defendeu. “Na Constituinte de 1988, nossa obsessão era a liberdade. Demos aos partidos liberdade plena. Mas pouco a pouco os partidos foram ficando corporativos. Os partidos viraram lobbies. Não são todos, alguns existem como partido, expressam uma posição na sociedade, tomam partido. Mas em geral não querem tomar partido, para ter voto de todo mundo.”

FINANCIAMENTO EMPRESARIAL Em sua análise, a sociedade não se sente representada e, por isso, não aceita o fundo de financiamento público de campanhas em discussão no Congresso (ao qual seria destinado 0,5% da receita corrente líquida do ano anterior às eleições). “A sociedade tomou conhecimento que isso funciona assim, e não se sente representada, porque não está. Mas aí na hora de votar, vota nos mesmos", observou. FHC questionou os custos da democracia. "Tem que discutir quem paga a democracia, mas como se diminuem os custos?"

O tucano se posicionou contra o fundo e pela volta do modelo anterior, em que empresas podiam contribuir. "Tínhamos que voltar ao bom senso. Tem que baixar os custos da campanhas. Não vejo por que proibir a doação privada. Doa ao tribunal, aí o partido vai lá e leva a conta, para evitar a corrupção. Porque se não o povo vai pagar, e o povo está cansado de pagar."

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DISTRITÃO Como o sistema eleitoral brasileiro "está muito deformado", diz, a mudança para o distritão representaria uma "deformação maior ainda". "A reforma ainda está mal parada, tem muita confusão. Meu partido defende o voto distrital misto. Eu acho que deveríamos começar pelos vereadores, para aprender. Vê se dá certo e dá outro passo", sugeriu.

Pelo modelo do distritão, eleitores votam apenas em candidatos a deputados e vereadores, sem a possibilidade de votar nos partidos. Uma das críticas ao sistema é a sobre o risco de os nomes mais conhecidos do eleitorado serem privilegiados em detrimento dos novatos, além de enfraquecer os partidos.Após repercussão negativa contra o distritão, parlamentares agora defendem o chamado distritão misto ou semidistritão, que combina o voto majoritário com o voto no partido. Os eleitores poderiam, assim, escolher um candidato e um partido, e os votos nas legendas seriam distribuídos proporcionalmente aos seus candidatos. As novas regras só valerão para o pleito de 2018 caso sejam aprovadas por deputados e senadores até o dia 7 de outubro. 

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