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FHC diz que Congresso pode estar agindo de maneira leviana

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje que se o Congresso não indicar as fontes para o pagamento do reajuste de 17,5% na tabela do imposto de renda pessoa física estará agindo ?de forma leviana e precipitada?. Fernando Henrique, sinalizou que não vetará o projeto e avisou que caberá ao Congresso ?resolver o que fazer com o orçamento?, encontrando as fontes para bancar a diferença e compatibilizando os novos gastos com a disponibilidade financeira e a lei de responsabilidade fiscal. O recuo do governo na idéia de vetar o projeto para evitar um novo desgaste político foi confirmado pelo secretário-geral da Presidência da República, Arthur Virgílio. Ele disse nesta tarde, em entrevista, que o governo deseja sancionar o reajuste de 17,5% na tabela progressiva do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) aprovado pelo Congresso. Pela manhã, o presidente havia advertido que o governo não tem dinheiro e o que existe, vem da cobrança de impostos. ?Reduzir imposto de renda é uma vontade de todos nós, minha também?, ironizou o presidente. ?E se eu puder aliviar o imposto de renda da classe média, vou fazê-lo com prazer. E do povo, então, mais ainda porque o que me interessa é encontrar uma solução boa?, declarou, em mais uma acusação de que o Congresso não faz as contas para aumentar os gastos do governo. Depois de considerar ?importante? reajustar a tabela do IR, ele avisou que não se pode dar com uma mão e tirar com a outra. ?Se eu puder cortar mais imposto, fico feliz, é uma maravilha. Mas deixa o Congresso resolver o que vai fazer. Tem que fazer conta?. Para o presidente, ?a classe média tem razão de estar reclamando, as classes populares, também?. Na sua opinião, ?todos têm razão, mas precisamos de dinheiro e não de razão?. Indagado sobre a possibilidade de o Congresso derrubar um provável veto ao projeto, o presidente afirmou que nunca falou em veto e que nada temia. ?Quem teme é o País porque se o Congresso agir com responsabilidade, não há o que temer. Mas se agir de forma leviana e precipitada, quem perde é o País, e quem vai pagar é o povo.? Em seguida, tentou amenizar as críticas lembrando que ?sempre teve uma relação positiva com o Congresso?. E acrescentou: ?tenho certeza que os parlamentares vão ajudar a definir as fontes verdadeiras, legítimas para pagar essa diferença (do reajuste da tabela), que é de R$ 3,6 bilhões?. Social As declarações do presidente foram dadas na manhã de hoje, ao chegar à Granja do Torto, onde participou de uma reunião de avaliação dos programas sociais desenvolvidos pelo governo. Mais tarde, em seu discurso, Fernando Henrique fez questão de avisar que ?o governo não tem dinheiro? e que todos os recursos para os programas sociais vêm da cobrança de impostos. ?O dinheiro público só tem uma palavra: imposto. A questão é saber se está usando (o dinheiro) bem ou mal?, comentou o presidente, advertindo que ?as autoridades monetárias vão ter de explicar o que fizeram com o dinheiro do País para contrapor a avaliação e evitar a desculpa de que uns não pagam impostos porque não sabem onde eles são aplicados?. Ao fazer um balanço dos gastos sociais, o presidente admitiu que já não está contando com R$ 1,8 bilhão referentes à perda com o reajuste da tabela do imposto de renda pessoa física. De acordo com o presidente, os R$ 29 bilhões arrecadados com os impostos de pessoas física (R$ 13 bilhões) e jurídica (R$16 bilhões) são todos distribuídos entre as populações carentes, sem intermediários, sem clientelismo e sem fisiologismo. ?Como o Congresso modificou o IRPF nós temos de deduzir desses R$ 13 bilhões, mais ou menos R$ 1,8 bilhão, que é a metade do que vai corresponder a essa última decisão do Congresso?, afirmou. ?Isso significa que todo o imposto de renda de pessoa física e de pessoa jurídica não será mais suficiente para cobrir esses gastos?, completou, em um aceno de que não vai vetar o reajuste, mas quer que o Congresso encontre as fontes para cobrir a diferença de caixa. Segundo o presidente, o Ministério da Fazenda está analisando os números , mas imagina ?que os congressistas, como são responsáveis, quando dão, sabem de onde tirarão e vão indicar ao governo de que maneira se pode fazer isso (pagar o reajuste)?. Para ele, o relator do orçamento, tem de compatibilizar tudo isso. ?Se for possível, ótimo.?

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