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FHC desembarca na terra de Itamar

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Por Agencia Estado
Atualização:

O confronto aberto entre o Palácio do Planalto e a ala dissidente do PMDB pode ganhar um novo round esta semana. Após exigir do partido uma definição sobre a posição na aliança governista, o presidente Fernando Henrique Cardoso desembarca amanhã em Minas Gerais - Estado comandado pelo adversário político e desafeto, o governador Itamar Franco (PMDB) - disposto a manter o tom duro na cobrança por lealdade. A disputa deve dar-se, agora, entre as duas facções da legenda, que deverão buscar meios para fazer prevalecer as posições. Uma das maiores legendas do País, o PMDB continua dividido entre aqueles que querem ser governo e os que acreditam no caminho da independência. Dado o recado para os peemedebistas rebeldes, o presidente espera agora que os bombeiros da sigla façam a parte deles. Recolhido no Palácio da Alvorada no fim de semana, ele preferiu ignorar os ataques dos adversários, deixando sem resposta, por exemplo, o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Fernando Henrique fez vista grossa às provocações do político petista - que convidou a população de Minas Gerais a promover uma manifestação contra o governo para receber o presidente amanhã, em Varginha - e manteve a viagem. Nem mesmo o esquema de segurança do presidente foi alterado, informou um colaborador próximo. Na última semana, o presidente surpreendeu interlocutores mais próximos, ao responder aos ataques da ala rebelde da agremiação. Mais que criticar o presidente nacional do PMDB, senador Maguito Vilela (GO), o político tucano indicou "o caminho da roça" para aqueles que vêm se dizendo descontentes com o governo e a aliança governista. O tom duro do desabafo tornou pública uma cobrança que vinha sendo feita apenas nos bastidores, junto à setores da cúpula do PMDB que têm tentado administrar os estragos causados pela postura adotada pelo senador goiano. Se de público mandou os rebeldes embora, reservadamente, o discurso de Fernando Henrique não foi menos duro. Em conversas com líderes do partido, ele deixou claro que a manutenção dos cargos controlados pela legenda na administração federal passarão por uma definição oficial sobre o destino. Mais que palavras de apoio aos programas do governo, interessa ao presidente antecipar uma decisão em torno da eventual candidatura de Itamar a presidente. Embora tenha resistido, a precipitação do debate sucessório trouxe o político tucano à linha de frente das articulações que poderão levar a uma reedição da atual aliança governista, em que o PFL deve ser o parceiro preferencial do PSDB. As primeiras conversas entre os dois partidos - que se reaproximam agora, após superar os traumas causados pelo confronto aberto pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) - começaram e, mais uma vez, os pefelistas e setores do PSDB trabalham para excluir o PMDB. Surpreendente, a posição de ataque adotada por Fernando Henrique foi a de colocar-se ao lado de políticos tucanos favoráveis à manutenção do relacionamento com o PMDB. Mais que generosidade política, esses líderes têm demonstrado preocupação com a governabilidade, uma vez que o governo dependerá da maioria no Congresso para fazer aprovar algumas das medidas com que pretende contornar a crise no setor elétrico e o pacote fiscal.

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