FHC descarta contágio da crise argentina

Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso descartou hoje o risco de a economia brasileira ser atingida pela crise da Argentina e apostou que 2002 será um ano melhor do que 2001. "Não há razões para o contágio", disse ele, após visitar a prefeitura de Pardinho, a cerca de 200 quilômetros de São Paulo, onde passa o réveillon com a primeira-dama Ruth Cardoso. Enfatizando que cabe ao povo argentino definir os novos rumos do país, Fernando Henrique afirmou que há disposição da comunidade internacional em ajudar, mas isso depende do fim da crise interna. "A disposição é positiva, mas o problema é que nós não podemos nos intrometer", afirmou, reiterando que a Argentina é sócia do Brasil no Mercosul. "Quanto melhor vai a Argentina melhor será para o Brasil." Segundo o presidente, "o problema da Argentina hoje não é nem econômico, é social e político. Depois será econômico também". Ele disse ser favorável a que organismos internacionais dêem respaldo à retomada do crescimento econômico argentino, tão logo a situação de instabilidade política seja resolvida. "A Argentina é um país muito importante para nós. É um país, repito, rico, tem uma base agrícola muito forte, uma população educada. Então não há porquê não perseverar num rumo correto. Mas depende basicamente de uma questão política que é interna", declarou Fernando Henrique. Hospedado desde sábado na Fazenda Bela Vista, do amigo e ex-sócio Jovelino Mineiro, Fernando Henrique tem acompanhado por telefone a crise institucional no país vizinho. O retorno a Brasília está previsto para amanhã. Hoje ele conversou com o presidente do Chile, Ricardo Lagos, e nos últimos dias tratou do assunto com os sucessivos presidentes argentinos, além do presidente do Uruguai, Jorge Battle, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias. Fernando Henrique negou que tenha mantido contato com governadores de províncias da Argentina. "Normalmente só falo com os presidentes, porque não vou me imiscuir na política interna da Argentina", declarou. O presidente frisou que o Brasil vive situação completamente diferente em relação ao país vizinho. "O fim do ano mostrou que o Brasil tem músculos", disse ele. "Existem as bases para que o ano de 2002 seja melhor para todos nós." Ele citou a expectativa de que a balança comercial registre superávit de US$ 5 bilhões em 2001 e que a perspectiva de inflação "baixa" em 2002 abra caminho para a redução da taxa de juros. Em relação desvalorização do real em 1999 e às críticas que o ex-superministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo fazia à política econômica brasileira, o presidente comentou: "Ao invés de ficar dizendo a culpa é da Argentina, porque tem uma moeda fixa, nós trabalhamos na nossa economia para que ela se repusesse, ganhamos, conseguimos. Então, acho que não é verdade que o Brasil seja responsável pelo que aconteceu na Argentina e pelo que está acontecendo." Para Fernando Henrique, o saldo de 2001 foi positivo. "Em vez de ficarmos de braços parados, simplesmente nos lastimando, achando que tudo não vai dar certo, fizemos o contrário", disse. "Trabalhamos e conseguimos chegar ao fim do ano com uma situação melhor."

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