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FHC define estratégias para aprovar CPMF esta semana

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Por Agencia Estado
Atualização:

A crise com o PFL e a dificuldade em aprovar a emenda que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) forçaram o presidente Fernando Henrique Cardoso a dar expediente no domingo. Ele reuniu o comando do PSDB (o presidente do partido, José Aníbal, o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, e o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira) e o candidato José Serra (PSDB-SP) no Palácio da Alvorada, para avaliar o cenário e definir as estratégias do governo e do partido. Antes disso, investiu na criação de um canal alternativo de interlocução com o PFL: recebeu, para uma conversa particular e sem testemunhas, o ministro do Tribunal de Contas da União Guilherme Palmeira, ex-senador pefelista, amigo da confiança do presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen. A avaliação dos tucanos é a de que se a CPMF não passar na Câmara esta semana, ficará configurada a crise política, com conseqüências desastrosas para a economia. Cogitam desde a alta do dólar até o rebaixamento do Brasil nas agências de avaliação de risco, o que traria prejuízos não só à governabilidade, mas também à candidatura de Serra. Escalado para falar em nome do grupo, Pimenta, futuro coordenador da campanha de Serra, confirmou ao final do encontro de mais de duas horas, que o assunto principal foi a CPMF. "Devemos conversar com todos os parlamentares, tanto dos partidos aliados, quanto dos outros partidos que possam votar conosco", afirmou. "Estamos confiantes de que o PFL votará a favor da CPMF, como tem dito e já o fez no primeiro turno." A idéia é envolver a opinião pública na batalha da aprovação, como uma forma de forçar os pefelistas a não votarem "contra o Brasil". Os líderes do partido que admitem votar a CPMF na Câmara esta semana, prevêem dificuldades adicionais à votação no Senado. Pressa Não foi só a crise que apressou Fernando Henrique. Com viagem oficial para o Chile marcada para esta segunda-feira à tarde, o presidente não quis embarcar sem dar um sinal concreto de boa vontade para com o PFL. Segundo um dirigente, o clima na direção do partido é de irritação com o presidente. "Não há a menor hipótese de vir uma boa notícia do Alvorada", resumiu o pefelista, ao saber da conversa com Palmeira. Ele salienta que Bornhausen, em particular, sente-se traído pelo presidente. As duas tentativas de aproximação do PFL, feitas na semana passada pelo próprio Fernando Henrique e por Pimenta, fracassaram. Os apelos para um entendimento, feitos na viagem ao Paraná, ao lado do governador Jaime Lerner (PFL), acabaram surtindo efeito contrário. O presidente, que já havia mencionado a "tempestade em copo d´água" do PFL e comentado que teria ganho a eleição sem os pefelistas, cometeu outra gafe. Ao referir-se ao PFL, saiu com um "partido que agora é independente". Diante das dificuldades, a ordem é prudência e cautela. Sobre a agenda turbulenta da semana, que novamente prevê um discurso pesado do senador José Sarney (PMDB-AP), Pimenta disse que Fernando Henrique não fez nenhuma recomendação especial. "Confiamos que o trabalho dos parlamentares será positivo", disse. Em seguida, porém, acabou confessando que há temores. "O governo tem muito receio destes fatos", disse. Não é sem razão. Nos bastidores do PFL, circula a informação de que Sarney será muito duro com Fernando Henrique, na tentativa de arrastá-lo para crise. Mas os líderes tucanos e governistas já acertaram que nem o presidente nem o candidato Serra devem se envolver diretamente nas polêmicas em torno de "espionagem e arapongagem".

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