FHC defende aliança entre PSDB e PT para a Prefeitura de Belo Horizonte

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Por Andrei Netto e PARIS
Atualização:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem, na maior escola de Ciências Políticas da França, o Instituto de Estudos Políticos de Paris, a aliança entre PSDB e PT em torno do nome do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais Márcio Lacerda (PSB) nas eleições à Prefeitura de Belo Horizonte. Mas disse que a considera improvável. "Deveria ser possível, mas acho que o PT não aceita. O PT tem uma vocação de ficar isolado e de comandar sozinho. É uma pena. Acho que o Lula entende isso, mas o PT, não." De acordo com FHC, há divergências entre os partidos. "Não podemos fazer isso a menos que tenhamos as mesmas idéias. Não temos a mesma visão de democracia, de ocupação do Estado pelos militantes. O PT acha que tem de ocupar o Estado e o Estado tem de mudar a sociedade. Nós achamos que não cabe ao Estado ser hegemônico, muito menos ter no Estado um partido hegemônico. Somos mais pluralistas." O ex-presidente ressaltou que as diferenças entre os partidos não são econômicas, mas políticas. "Não é na economia que nós temos diferenças, porque eles aderiram às nossas posições. É na política. Não estou criticando eles por terem nos seguido. Eles também avançaram quando foi necessário. O Brasil amadureceu." As divergências, disse, ficam patentes quando o assunto é um projeto nacional suprapartidário que envolva as descobertas de petróleo pela Petrobrás na Bacia de Santos, litoral paulista. "Não podemos fazer esse projeto nacional pela ótica de um partido, qualquer que seja. Faltam lideranças com uma posição realmente nacional para enfrentar a questão." O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disse ontem que o PSDB poderá mesmo apoiar informalmente a aliança com os petistas em torno da candidatura de Márcio Lacerda. A chapa tem como candidato a vice o deputado estadual petista Roberto Carvalho. "Eu dei o primeiro gesto ao abdicar de participar da chapa, eu já tirei de alguma forma essa formalidade na composição da chapa." Aécio voltou a dizer que estará junto com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), na sucessão municipal. A participação informal é a hipótese mais aceita para viabilizar a aliança e superar o impasse provocado pela resolução do Diretório Nacional do PT, que recomendou a exclusão do PSDB da coligação - com a alegação de que o acordo favorece as pretensões políticas do governador mineiro em 2010. "Meu projeto tem essa característica, da generosidade, a favor de Belo Horizonte. Não tenho a vaidade de colocar meu partido no pódium", ressaltou.

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