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FHC defende a Alca e diz que o "Brasil já desenhou o seu futuro"

Por Agencia Estado
Atualização:

Na abertura do 22º Salão do Automóvel, hoje em São Paulo, o presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu, em discurso, aos que criticam sua administração. Falou que seu governo "tem política de exportação", disse que "nem tudo são flores", pois "as dificuldades financeiras são visíveis" e falta muita coisa para ser feita, "mas o importante é que Brasil já desenhou o seu futuro". FHC mandou um recado aos que se contrapõem à maneira como ele vem conduzindo as negociações da Alca, como o presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Sem citar o nome de Lula, Fernando Henrique disse ser um equívoco relacionar a Alca com a soberania do Brasil. "Lá (na Alca) se discute interesse nacional", disse. "Faremos o que for necessário, ou farão os que me suceder, pensando que para o Brasil crescer precisa de espaço e espaço não se faz dando as costas ao mercado, se faz penetrando nesses mercados e criando condições positivas para que com os acordos feitos possa se avançar mais". Ao falar da expansão do setor automobilístico, lembrou a frase "exportar ou morrer, que muitos consideraram retórica". O presidente disse que o Brasil já está exportando e registrando recorde na balança comercial este ano, com um superávit de US$ 10 bilhões. "E ainda há quem fale que é preciso ter uma política exportadora, como se já não houvesse uma política exportadora. Ainda há quem não tenha percebido que não basta o mercado externo, que há uma ligação entre o externo e o interno". Para ele, "é preciso haver mudança na percepção da realidade, perceber que já se está fazendo o que muitos ainda estão pensando que se deve fazer." O inspirador JK FHC aproveitou a "figura inspiradora" do ex-presidente Juscelino Kubitschek para dizer que ele também foi incompreendido e injustiçado quando propôs o modelo de desenvolvimento que propiciou a abertura do mercado brasileiro à indústria automobilística. "Na época de Juscelino dizia-se que ele estava entregando o Brasil; a oposição era cerrada, temia capital estrangeiro, diziam que iria desnacionalizar o Brasil." O presidente disse que hoje o Brasil está vendo que as críticas eram "equívocos de percepção" e todos celebram hoje "a visão do grande estadista." O presidente destacou ainda o amadurecimento do sindicalismo brasileiro nos últimos anos, dizendo que "os trabalhadores tem a cabeça erguida, se organizam e sabem também os limites de uma negociação". Segundo o presidente, os trabalhadores sabem o momento de parar porque "não podem matar a galinha dos ovos de ouro, que são as empresas". O presidente lembrou as críticas que o BNDES recebeu quando começou a repassar recursos para empresas estrangeiras. "As mesmas incompreensões que ecoaram nos tempos de Juscelino voltaram", disse. Para ele, ao conceder recursos a empresas estrangeiras, a cadeia de produção de muitas empresas nacionais também é beneficiada. O presidente afirmou ainda que a descentralização administrativa, propiciou que mais estados brasileiros, além de São Paulo e Minas Gerais, tais como Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná, tenham indústrias do setor automobilístico. Além do presidente, estiveram na inauguração do 22º Salão do Automóvel o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), a quem FHC chamou de amiga, o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, os coordenadores de campanha do presidenciável do governo José Serra (PSDB), José Aníbal (PSDB) e Michel Temer (PMDB) e a filha do ex-presidente JK, Maria Estela.

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