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FHC dá puxão de orelha no PSDB por apoio a Chinaglia

´Nunca vi, em política, fortalecer o adversário´, afirmou o ex-presidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deu um puxão de orelhas em seu partido, por conta do apoio que parte da legenda deu ao petista Arlindo Chinaglia, na eleição para presidência da Câmara dos Deputados. "Nunca vi, em política, fortalecer o adversário", afirmou nesta segunda-feira, 12, em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo. FHC considerou o apoio um erro estratégico do PSDB. "Vi com tristeza o apoio de parte do PSDB ao PT (na eleição de Chinaglia)." Apesar da crítica, o tucano descartou que o episódio possa ser classificado como uma fragmentação ou crise no PSDB. E disse que sua crítica foi por causa do método político utilizado por esta parcela do partido. Sem comparação O ex-presidente refutou ainda comentários feitos por alguns analistas de que a expansão média da economia brasileira da primeira gestão do presidente Lula (PT) foi equivalente à da primeira gestão tucana. "A diferença é que eu só tinha crise financeira mundial e aqui (no governo Lula) não tem nenhuma. Acho que perdemos tempo (em termos de crescimento)", destacou ele, após participar de um seminário sobre reforma política, promovido pela Associação Comercial de São Paulo. Ao contestar a comparação com o seu governo, Fernando Henrique disse que na primeira gestão do governo Lula o clima mundial foi muito favorável. E reiterou: "O clima mundial aqui nunca foi tão bom desde os anos 70. Já nos oito anos do meu governo, eu só tive dois anos de crise financeira (1996-2000). E no ano de 2000 o PIB cresceu 4,6%." Apoio à decisão do PMDB A intenção do PMDB lançar candidato próprio à presidência da república em 2010 recebeu o apoio do ex-presidente FHC (PSDB). "O PMDB já deveria ter (candidatura própria à presidência) há mais tempo", afirmou FHC. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo presidente reeleito da legenda, o deputado Michel Temer. Segundo o ex-presidente tucano, todo partido quando quer se fortalecer, precisa lançar candidato próprio ou fechar uma aliança estável. E segundo ele, como a aliança do PMDB com o PT foi súbita, "dito pelo próprio Michel Temer", os peemedebistas estão certos em pensar numa candidatura própria para sucessão de Lula. Ao falar da aliança PMDB-PT, Fernando Henrique disse que é um acordo congressual, em troca de cargos no Ministério. Na sua avaliação, pelo atual cenário político brasileiro, os partidos acabam se unindo em função de espaços. FHC não soube dizer se esta aliança vai propiciar a aprovação de reformas no segundo mandato do presidente Lula. Reforma política Sobre a reforma política, o ex-presidente tucano acredita que é possível implantar o voto distrital já nas eleições municipais do ano que vem. "Se não colocarmos prazos em política, as coisas não se concretizam. E já que todo mundo reclama do sistema atual, por que não experimentar (o voto distrital) já nas eleições municipais do ano que vem?", questionou FHC. Na sua avaliação, para se colocar em prática a reforma política no Brasil, é necessário que ela seja feita por etapas. E destacou que o centro desta questão é justamente o voto distrital. O ex-presidente tucano defende o voto distrital puro. Já outros participantes do seminário desta segunda, como o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) defendeu o voto distrital misto. O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) também defendeu o voto distrital puro. O senador disse que não está otimista com este tema e não acredita que a reforma política poderá ser votada nos próximos quatro anos. "Não vamos conseguir barrar a cooptação e aprovar as reformas", emendou. Descrença Bornhausen e Cardozo afirmaram que se não houver o apoio da sociedade com relação a este tema, a reforma política não irá avançar. "O problema é que ninguém acredita mais nos políticos por causa dos escândalos promovidos pelo governo Lula", desabafou o senador do PFL. Segundo Fernando Henrique Cardoso, é melhor não votar a reforma que está em tramitação no Congresso Nacional. Ele explicou, que do jeito que a proposta está, ela acaba favorecendo as oligarquias partidárias. "Ela tem um verdadeiro cavalo de tróia, que é a lista fechada."

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