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FHC critica política isolacionista dos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou hoje, veladamente, os Estados Unidos por assumir uma política internacional isolacionista, mas manifestou esperança de que a crise internacional aberta pela ofensiva terrorista leve os norte-americanos e os países desenvolvidos ao que chamou de "globalização solidária", uma relação mais equilibrada e justa com o mundo. Depois de ressaltar a importância do Protocolo de Kioto - tratado limitador das emissões de gás carbônico, que os EUA se recusam a assinar, por considerá-lo prejudicial à economia -, o presidente afirmou que, talvez, o atual conflito leve alguns países ricos a mudar de postura e provoque novos avanços nas questões ambiental e climática. "O fato é que, mesmo de uma maneira inesperada e bem trágica, os países que não deram tanta atenção a esses problemas e talvez tenham tomado deliberações unilaterais, agora defendam com mais força a necessidade de uma globalização solidária, porque estão fazendo face a um inimigo, o terrorismo, que não pode ser vencido no isolamento nem na determinação isolada de uma potência, por mais forte que ela seja", afirmou o presidente, em discurso na XIII Fórum de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe, no Riocentro, zona oeste da cidade. "Isso leva necessariamente a uma reflexão que pode permitir que nós, nas questões do climáticas, possamos voltar a insistir na necessidade de mecanismos compensatórios que tenham por base a idéia de solidariedade global como um dos seus pilares." Fernando Henrique disse que "o momento é oportuno" para mudanças e demonstrou acreditar que os países desenvolvidos e os EUA poderão rever posições em relação ao debate sobre desenvolvimento sustentável. Atualmente, os países industrializados, em geral, não aceitam mudanças que possam afetar suas economias e querem dividir o ônus das limitações ambientais com os demais países, embora poluam mais, consumam mais e já tenham degradado mais o meio ambiente. "Quando se está numa crise como a atual é que aparecem mais lideranças e mais capacidade de inovação e, quem sabe, seja possível também maior transigência por parte daqueles que devem transigir", declarou. Ao se referir à guerra que o mundo vive hoje na Ásia Central, o presidente ressaltou que os países não podem perder de vista outras questões internacionais tão importantes quanto ao combate ao terrorismo. "No cenário internacional atual, no qual ganham relevância questões de segurança e defesa, temos que nos esforçar para que a agenda ambiental não perca espaço", disse. "O terrorismo não pode silenciar a agenda de cooperação internacional. Se isso ocorrer, estaremos fazendo o jogo do inimigo". O fórum do Riocentro, que reúne 36 ministros de Estado, é a última reunião preparatória para a Conferência Mundial da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo, na África do Sul, em setembro de 2002.

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