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FHC cobra do Congresso aprovação da reforma tributária

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou do Congresso Nacional a responsabilidade pela votação da proposta de reforma tributária. Ao participar nesta quarta-feira de cerimônia na Confederação Nacional da Indústria (CNI) em comemoração dos 60 anos da criação do Senai, ele disse que a reforma está no Congresso, e a proposta que muda o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) já se encontra na Câmara há um ano sem ter sido indicado um relator para o texto. "Eu não vou desistir, pois ainda há tempo", anunciou. Ele argumento que, se não houve votação até o momento, foi por causa de resistências à proposta, e não por falta de vontade do governo. Na avaliação do presidente, agora já há consenso sobre a necessidade de serem votados os pontos principais da reforma tributária. Ele disse acreditar que setores antes contrários podem mudar sua posição. "Setores que só viam o governo como uma coisa longínqua, que era melhor apedrejar, agora começam a pensar que um dia (a pedra) pode cair na própria cabeça", afirmou o presidente, numa referência velada ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, que vem defendendo a aprovação da proposta. Diante disso, Fernando Henrique disse acreditar que "talvez, então, ao invés de votarem não, votem sim em matérias muito importantes para o Brasil, como é a reforma tributária". Nos 35 minutos de seu discurso, o presidente voltou a apresentar uma avaliação positiva do Brasil nos últimos 10 anos, em comparação com a década anterior. Ele endossou a afirmação do empresário Antonio Ermírio de Moraes de que os pessimistas fariam melhor indo embora do Brasil. "O otimista pode errar, o pessimista já começa errado", criticou. Acrescentou que o Brasil precisa buscar a "inserção soberana" na economia mundial e afirmou que isso não significa fugir de negociações como a da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "Exercer soberania não é correr da mesa com medo da negociação, é enfrentá-la", declarou. Ele considerou "um equívoco" acharem que o Brasil não quer a Alca, mas apenas o Mercosul. Em sua opinião, negociações sobre a Alca e com a União Européia serão "duríssimas", e a decisão do Brasil de aceitar ou não esses blocos econômicos depende da forma como as negociações evoluírem. "Ou não vamos querer exportar nosso aço e nossos automóveis para os Estados Unidos?", questionou o presidente. Ele citou ainda, no discurso, artigo do investidor George Soros no qual este defendeu a tese de que os bancos centrais dos oito países mais desenvolvidos - o G8 - devem assumir o papel de um banco central mundial como "emprestadores de últim instância". Fernando Henrique disse ainda que concorda com essa discussão, pois é necessário usar instrumentos alternativos ante o enfraquecimento de instituições como o Bird e o FMI na conjuntura atual.

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