PUBLICIDADE

FHC ataca imprensa e "pessimistas de plantão"

FHC resolveu atacar os "pessimistas e cético". Disse que o Mercosul, apesar da opinião dessa gente, tem do que comemorar e reclamou que "o trem que sai no horário não é notícia" na imprensa.

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso retomou seus ataque aos "pessimistas e céticos" de plantão, mas, desta vez, os estendeu à imprensa dos países do Mercosul, bloco regional que completou dez anos em março deste ano no mais profundo ostracismo. "Dez anos já se passaram desde que se firmou o Tratado de Assunção, e apesar da opinião dos céticos e dos pessimistas não se pode deixar de reconhecer que temos o que celebrar", disse FHC, em discurso durante a reunião de cúpula do bloco regional. O presidente citou alguns avanços, entre eles a garantia da democracia na região, a cooperação e solidariedade. "Se os céticos e pessimistas consideram que isso são conquistas vagas, há também resultados bastante concretos", acrescentou FHC, ao citar o crescimento do fluxo de comércio. FHC se esqueceu, no entanto, que esse comércio estagnou nos últimos três anos e não existem sinais de crescimento, não só por causa da crise que se instalou na Argentina e, agora, no Brasil, como também por causa da saturação dos mercados. De acordo com o presidente, se o Mercosul não existisse hoje, os países estariam lamentando dez anos perdidos. "O que seríamos hoje sem o Mercosul? Povos talvez ainda alimentados por rivalidades e antagonismos do passado", disse. O presidente reconheceu, porém, que existem problemas sérios no bloco, mas, muitas vezes, "inflados ainda mais na percepção pública" por causa da imprensa. "O trem que sai no horário não é notícia. Os 18 bilhões de dólares em mercadorias intercambiados pelos quatro países em 2000 talvez não sejam notícia de primeira página. Como talvez não o sejam os mais de 135 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos recebidos pelos países do Mercosul entre 1998 e 2000", atacou FHC. "Notícias são as perfurações da Tarifa Externa Comum, as diferenças entre regimes cambiais, as pressões protecionistas, as manifestações de interesses corporativos e assim por diante." O presidente voltou a reafirmar que o Mercosul para o Brasil é um destino. "As opções vêm depois", afirmou. Ele acrescentou ainda que a sua experiência como pesquisador, homem público e, agora, como chefe de Estado, sempre se aproximou das nações vizinhas e amigas que integram o Mercosul. O presidente disse também que os países do Mercosul não devem se transformar em vítimas de uma demonização de interesses particulares, já que o bloco é uma obra de democracia, não de tecnocracia e muito menos de plutocracia. "E na democracia, os interesses isolados devem poder expressar-se no espaço público. Mas, este jogo livre dos interesses não é a conclusão ou ponto final da democracia. É o seu ponto de partida".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.