FHC articula mudança no ministério

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Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso está remontando o xadrez da articulação política do governo e quer estrear o novo time de coordenadores na volta dos trabalhos do Legislativo, depois do recesso parlamentar de julho. Segundo um importante interlocutor do Palácio do Planalto no Congresso, o presidente está decidido a transferir o secretário-geral da Presidência, ministro Aloysio Nunes Ferreira para a Justiça. A idéia é aproveitar as mudanças no Itamaraty para acomodar seu ministro e amigo pessoal, José Gregori, que está à frente da Justiça. A troca restabelece ao ministério da Justiça o papel tradicional de articulação política e abre espaço para atender a uma antiga reivindicação do PFL: ocupar uma das três lideranças do governo no Congresso. O objetivo da cúpula pefelista é compensar o deputado Heráclito Fortes (PI), que teria desistido de disputar o posto de líder na Câmara com Inocêncio Oliveira (PE), justamente por conta de um aceno do Planalto que até hoje não se concretizou. De acordo com o interlocutor presidencial, Fernando Henrique ainda não definiu que liderança entregará ao PFL. Sua dúvida é sobre qual líder governista deverá ser deslocado para o Planalto ocupando a secretaria-geral, no lugar de Aloysio. Neste caso, entrarão no jogo da troca de cadeiras os postos de líder do governo na Câmara e no Congresso, respectivamente ocupados pelos deputados tucanos Arnaldo Madeira (SP) e Arthur Virgílio Neto (AM). A preferência do PFL é pela liderança na Câmara, mas o partido também fica satisfeito no caso de Heráclito ser escolhido líder no Congresso. O Planalto precisa resolver a pendência com os pefelistas até para preencher a liderança do governo no Senado, que está vaga desde a renúncia do ex-senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Fernando Henrique chegou a convidar o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) para o cargo, mas acabou recuando diante do veto do senador José Agripino Maia (PFL-RN), endossado pela cúpula pefelista. Não é de hoje que a substituição do ministro da Justiça vem sendo discutida no Planalto, em virtude das críticas generalizadas ao desempenho do ministro, agravadas pela sucessão de desentendimentos entre Gregori e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso. Somou-se a isto, o desgaste do ministro Aloysio na base aliada, especialmente em função dos atritos com o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), que o enfraqueceram na coordenação política. O líder peemedebista é um dos que mais têm se queixado publicamente da atuação do secretário-geral. Aloysio anunciou a Geddel a demissão de todos os apadrinhados do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Geddel e o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), chegaram a dar a boa nova a todos os correligionários, e nada aconteceu. A saída de Gregori vem no embalo da reforma no Itamaraty, desencadeada com a demissão do ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, na terça-feira, e sua substituição pelo embaixador brasileiro em Londres, Sérgio Amaral. Por este raciocínio, a embaixada do Brasil em Portugal seria entregue a Gregori, que é monoglota, pondo fim à disputa pela vaga aberta por Sérgio Amaral. Londres, que é um dos postos mais cobiçados na carreira diplomática, ficaria com o atual embaixador em Lisboa, Synésio Sampaio.

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