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FHC arranja desculpa esfarrapada, diz Garotinho

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso arranjou uma "desculpa esfarrapada" para justificar o cancelamento da cerimônia que ocorreria hoje no Palácio Guanabara, com a presença do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Alberto Cardoso. O cancelamento da solenidade teria sido motivada pela irritação de Fernando Henrique com Garotinho, que o teria comparado ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, durante entrevista a jornalistas no Congresso na última terça-feira. "Infelizmente, o presidente da República arranjou uma desculpa esfarrapada, me perdoem o termo chulo, porque isso (a comparação com Beira-Mar) nunca houve. Eu sou uma pessoa muito educada no trato com todas as autoridades", garantiu Garotinho. Na cerimônia, seria anunciada a liberação de R$ 395 milhões do governo federal para um plano de prevenção à violência no Estado. Os recursos destinam-se a projetos sociais em áreas carentes e violentas de 19 municípios da região metropolitana do Rio. "Em momento nenhum, eu fiz essa comparação, mas compreendo bem o que está por trás disso. Há dias, parlamentares e políticos do PSDB vinham pressionando o presidente da República para que ele não fizesse o evento que seria realizado hoje no Palácio Guanabara", disse o governador em entrevista à rádio CBN Temento o uso político das verbas federais, o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos (PSDB), adversário de Garotinho, vinha articulando o cancelamento da solenidade. Ele e outros deputados tucanos estavam descontentes com o local da cerimônia, o Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual. Em represália à realização da solenidade, Zito não foi à reunião dos prefeitos realizada na última terça-feira, em Brasília. Garotinho também foi irônico quando comentou a interpretação do presidente para o sua nota oficial, na qual desmente a comparação de FHC ao traficante. Por meio do porta-voz da Presidência, Georges Lamazire, Fernando Henrique disse que a nota era "maliciosa". No documento, Garotinho lamenta que o presidente tenha se considerado atingido por "uma declaração abstrata" e que em Brasília "existem milhares de fernandos", para explicar que não se referia a Fernando Henrique. "Que nota maliciosa? Eu apenas esclareci os fatos conforme estou fazendo agora. Pelo amor de Deus, com toda a sinceridade, isso não tem cabimento. Eu até entendo que o presidente nesses dias não esteja vivendo um bom momento, por causa de toda as pressões da CPI da Corrupção, dos problemas no Senado, mas colocar na minha boca e interpretar coisas que eu não falei, vamos devagar", afirmou. Segundo o governador, Fernando Henrique deve separar o institucional do jogo político. "O presidente não pode sofrer pressão de seus correligionários no Rio para evitar um ato em favor do Estado, arrumando para isso uma desculpa subjetiva", criticou. Garotinho negou também que tenha ligado para o presidente assim que soube do mal entendido. "Ele diz num jornal hoje que eu liguei, mas ele não me atendeu. Nem na capital eu estava. Quando tomei conhecimento desse assunto, estava no interior", explicou. O governador do Rio pediu, então para que sua chefe de gabinete, Ana Paula Costa, ligasse para a jornalista Ana Tavares, chefe da assessoria de imprensa do presidente, para desfazer o mal entendido.

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