FHC admite vitória de Dilma, mas prevê desenvolvimento mais lento

Em entrevista ao 'Financial Times', ex-presidente diz que 'Lula surfou na onda' das reformas de seu governo

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Por Clarissa Mangueira e da Agência Estado
Atualização:

LONDRES - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu em entrevista ao jornal britânico Financial Times que a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, deverá sair vitoriosa das eleições marcadas para o próximo dia 3 de outubro. Mas alertou que essa vitória representará um desenvolvimento mais lento do País. "Isso vai nos impedir de nos desenvolvermos mais rapidamente. Mas não vai levar o Brasil para trás. A sociedade é muito forte para isso."

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O ex-presidente não escondeu sua frustração ao falar sobre as próximas eleições, afirmando que a oposição ajudou a tornar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva um mito. "A oposição entendeu errado. Nós permitimos a mitificação de Lula. Mas Lula não é revolucionário. Ele surgiu da classe trabalhadora e se comporta como se fizesse parte da velha elite conservadora", declarou FHC.

Segundo o ex-presidente, Lula anestesiou o Brasil. "Nós esquecemos que o País precisa continuar avançando. O que eu consegui fazer levou o País para a frente. Mas então ele parou", ressaltou FHC.

"Nós precisamos de uma nova onda de reformas", acrescentou o ex-presidente. "Como nós teremos um aumento de produtividade para competir? Isso significa reforma fiscal, impostos menores e investimento em capital humano e infraestrutura."

FHC afirmou ainda que a grande questão que deveria ser debatida atualmente é a da "qualidade". "Nós gastamos toda a nossa vida nos preocupando sobre quantidade. Se o PIB cresce ou não. Agora a questão é qualidade. Que tipo de educação é essa? A principal razão para as crianças não irem à escola não é mais econômica. É porque elas perderam o interesse. A qualidade do ensino é péssima", acrescentou o ex-presidente.

Indagado sobre como Lula será lembrado na história, FHC respondeu: "Acho que ele será lembrado pelo crescimento e continuidade, e por ter dado mais ênfase nos gastos sociais". Sobre sua própria importância para a política brasileira, o ex-presidente disse que "eu fiz as reformas. Lula surfou na onda".

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