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Fetape bloqueia BR-101 e exige área disputada com MST

MST não abre mão do Engenho Altinho e culpa Incra pelo impasse

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 200 pessoas ligadas à Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), filiada à Contag, bloquearam a BR-101 na manhã desta terça-feira, entre os municípios de Ribeirão e Palmares, na Zona da Mata, em protesto contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O bloqueio - com troncos e pneus queimados - durou cerca de duas horas e provocou grande engarrafamento. A Fetape acusa o MST de ter invadido o Engenho Altinho, no município de Gameleira, depois que a área de 755 hectares - pleiteada há seis anos pela Fetape - foi desapropriada, em abril de 2005. O Incra se imitiu na posse em dezembro daquele mesmo ano, mas até hoje o assentamento de 83 famílias cadastradas não ocorreu, diante da invasão do MST. "Não vamos ceder, não vamos permitir que o MST desmoralize a Fetape em Pernambuco", assegurou o presidente da federação, Aristides Santos, que espera do Incra a solução para o conflito. O líder do MST no Estado, Jaime Amorim, assegurou que não abre mão da área, que, segundo ele, é reivindicada pelo movimento desde 1999. Na sua avaliação, o Incra é responsável pelo impasse. "O Incra criou duas relações de assentados, uma da Fetape e uma do MST para uma mesma área", afirmou. "Cabe ao Incra resolver a situação". Amorim disse que as famílias ligadas ao MST que estão no Engenho Altinho fizeram a divisão dos lotes, onde plantam. As famílias ligadas à Fetape nunca entraram na área, acamparam às margens da BR-101, em respeito à legislação que impede desapropriação em terra ocupada. Apenas 40 famílias da relação de cadastrados para assentamento vivem no Engenho, de acordo com Aristides Santos, porque sempre moraram no local. As outras 43 aguardam "debaixo da lona". A superintendente regional do Incra, Maria de Oliveira, está em viagem ao exterior e só deve chegar na próxima semana. A ouvidora agrária estadual, Elizabete Rafael, confirmou que, em maio de 2005, o comitê interinstitucional de combate à violência no campo definiu que o Engenho Altinho cabia à Fetape. O comitê é integrado pelos movimentos de luta pela terra, Ministério Público federal e estadual e justiça federal. Jaime Amorim disse que o MST, por decisão política, não participa do comitê, nem reconhece que ele tenha poder de decisão. De acordo com Rafael, há 23 áreas no Estado disputadas por mais de um movimento. Na maioria delas, o MST protagoniza o impasse. De acordo com a Fetape, este não é o primeiro impasse vivido com o MST. Segundo ele, para evitar confronto em uma disputa semelhante em Águas Belas, no sertão, a Fetape cedeu uma área para o MST. "Dessa vez não vamos ceder", antecipou. "Nós nunca ocupamos espaço do MST e queremos respeito". Este texto foi ampliado às 20h10.

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