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Fernando Meirelles vai dar 'palpites' na campanha de Marina

Diretor evita vincular-se ao programa do PV, mas mostra afinidade com as ideias da pré-candidata à Presidência

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Por André Mascarenhas
Atualização:

O cineasta Fernando Meirelles disse nesta sexta-feira, 8, que irá "ajudar" a senadora Marina Silva (PV-AC) em sua campanha à Presidência da República na qualidade de "palpiteiro". Em troca de e-mails com o estadao.com.br, o diretor de filmes como Ensaio sobre a cegueira e Cidade de Deus esclareceu que sua contribuição com o programa partidário do PV, que vai ao ar no dia 10 de fevereiro, será consultiva.

 

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"Me encontrei com a Marina no final do ano passado por estar ajudando a criar algumas peças para o site do Instituto Sócio Ambiental, do qual ela faz parte, mas não pretendo fazer sua campanha e isso nunca foi sequer proposto", escreveu o cineasta. Reportagem publicada na edição desta sexta-feira, 8, do jornal Folha de S.Paulo, afirma que Meirelles irá dirigir Marina no programa do PV.

 

Apesar de negar participação oficial no programa do partido, Meirelles mostrou afinidade com as ideias de Marina e deixou claro que participará, mesmo que informalmente, da campanha da senadora. "Me dispus, no entanto, se consultado, a ajudar a senadora na qualidade de palpiteiro, por considerar suas ideias e sua maneira de ver o futuro do Brasil e do mundo como o único pensamento realmente novo depois de anos."

 

O cineasta criticou o tom ufanista com que o governo Lula tem comemorado o crescimento do País, classificando os avanços como o fim de um ciclo iniciado por Getúlio Vargas, e cujos acertos na reta final seriam mérito não apenas da atual administração, como também do período em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteve no poder.

 

"Sinto que o governo Lula não é o início de um novo momento para o Brasil, como tentam nos vender."

 

Desenvolvimento sustentável

 

Em sintonia com o modelo de desenvolvimento sustentável defendido pela ex-ministra do Meio Ambiente, Meirelles também criticou um dos pilares da política econômica defendida pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência: a ideia de que o estímulo à produção e ao consumo resolverão os problemas do País.

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"Continuar batendo nesta tecla do crescimento como a solução para os problemas do país, ainda em 2010, me parece de um anacronismo absurdo", ataca o cineasta, para quem "o planeta não tem mais espaço para crescermos".

 

"É impressionante ver como o esgotamento dos recursos naturais, dos mares, resultantes de um mundo voltado para o consumo de bens, por mais óbvios que sejam, parecem ainda não terem feito cair as fichas de que um outro caminho de desenvolvimento se impõe. É isso que a Marina tem dito e buscado. Ela está olhando bem mais longe."

 

Alianças

 

Mostrando apostar na renovação dos quadros políticos brasileiros, Meirelles criticou as alianças de Dilma: "Me desculpem os que discordam, mas um novo país ou um novo mundo jamais sairá de cabeças de gente como Michel Temer, Sarney e de outros parceiros da ministra candidata. Ou alguém honestamente acredita que sim?"

 

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O diretor encerra a mensagem reafirmando que irá se manter afastado da política partidária, de forma a não perder sua credibilidade como cineasta. Mas deixa claro que se engajará no boca-a-boca para eleger a ex-ministra do Meio Ambiente à sucessão de Lula.

 

"Minha única motivação para trabalhar num programa político seria por acreditar nas ideias apresentadas, mas apesar disso esse não é o caso aqui. Sou apenas um contador de histórias e quero continuar assim. Como cidadão, porém, farei boca-a-boca para a Marina junto a amigos e a quem me perguntar. Esta mulher definitivamente está olhando bem mais longe. Preste atenção."

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