
30 de outubro de 2010 | 15h21
SÃO PAULO - As campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) contam com aumento da abstenção hoje em relação ao primeiro turno, quando 24,6 milhões de pessoas não votaram. Especialista no assunto, o professor da Universidade Federal de Pelotas Dejalma Cremonese calcula que o índice fique próximo de 22%, por vários motivos, como o fato de muitos governadores já estarem eleitos, assim como todos os senadores e deputados. Além disso, o segundo turno coincidiu com o feriado prolongado por conta do Dia de Finados. "Entretanto, isso não será capaz de mudar os resultados da eleição."
Cremonese afirma que o aumento da abstenção é comum da primeira para a segunda rodada de votação. Segundo ele, o porcentual de brasileiros que deixaram de votar em 2002, na primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou de 18% para 21% entre o primeiro e o segundo turnos. Em 2006, o índice subiu de 18% para 20%.
Este ano, em princípio, a campanha de Serra enfrentaria mais problemas porque é o público de classe média - simpático ao PSDB, de acordo com as pesquisas - que deve viajar no feriado. Em Brasília, porém, a abstenção preocupa mais o PT, porque seu eleitor médio é, majoritariamente, funcionário público e também deve viajar.
Além disso, os índices mais altos de abstenção devem ser registrados no Norte e Nordeste, regiões onde Dilma esteve à frente no primeiro turno e nas quais manteve a dianteira, segundo as pesquisas. Em contrapartida, o Sul, onde a campanha tucana aposta em boa votação, foi a região do País com menor índice de ausências no primeiro turno.
O cientista político Jairo Nicolau diz que tradicionalmente o porcentual de abstenção é maior em áreas pobres. "O feriado pode compensar isso, mas nada que altere em mais de 1% o resultado eleitoral", afirma. "Não deve haver efeito devastador, sobretudo porque Dilma abriu uma vantagem maior."
Sete dos 21 Estados que comemorariam na quinta-feira o Dia do Servidor transferiram o feriado para sexta ou segunda, prolongando a folga de terça, Dia de Finados. Nos Estados governados pelo PSDB, porém, o Dia do Servidor foi transferido para mais longe da eleição.
Em São Paulo, o governador Alberto Goldman passou a comemoração para o dia 11 - mesmo assim, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima que 1,6 milhão de veículos deixarão a capital neste fim de semana. No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius também mudou os festejos para o dia 11. Em Minas, Antonio Anastasia escolheu o dia 25. Todos os governadores tucanos negam que as alterações tenham como objetivo estimular o comparecimento às urnas.
As duas campanhas à Presidência estimularam, nas últimas semanas, a ida dos eleitores às urnas. Pelo PT, o próprio presidente Lula apareceu no programa de TV pedindo aos eleitores que não deixem de votar. "Vote e lembre a seus parentes e amigos da importância de votar", disse.
Na campanha de Serra, inicialmente atores apareceram pedindo que as pessoas só viajassem no feriado depois de votar. O candidato chegou a brincar sobre o assunto em Araraquara (SP): "Perca um feriado e ganhe um feliz Ano Novo", disse.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.