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Felipe Santa Cruz chama Mourão de democrata e diz que OAB freou 'espírito golpista'

Pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro do PSD também fez críticas veladas ao presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de posse da nova diretoria da Ordem

Foto do author Iander Porcella
Por Iander Porcella (Broadcast) e Bruno Luiz
Atualização:

BRASÍLIA - Pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSD, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz afirmou nesta terça-feira, 15, que a entidade ajudou a frear um “espírito golpista” na sociedade brasileira. Ele também condenou o negacionismo na pandemia de covid-19, numa crítica velada ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na cerimônia de posse da nova diretoria da Ordem, Santa Cruz se dirigiu ao vice-presidente Hamilton Mourão, presente no ato, e o chamou de “democrata”.

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“Produzimos um parecer histórico mostrando que não há poder moderador nas Forças Armadas, refreando um espírito golpista que surgia na sociedade brasileira, e que eu digo que a Ordem ajudou a apagar. Espero que a gente viva, durante muitos e muitos anos, tempos de normalidade democrática”, declarou Santa Cruz. No auge da crise do governo com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro sugeriu diversas vezes que os militares poderiam atuar como um “poder moderador”.

Durante seu mandato à frente da OAB, de 2019 ao final de 2021, Santa Cruz protagonizou enfrentamentos com Bolsonaro. No primeiro ano do governo, o chefe do Executivo chegou a citar o desaparecimento do pai de Santa Cruz na ditadura militar. “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele”, afirmou Bolsonaro, na ocasião, ao criticar a atuação da entidade na investigação da facada sofrida por ele na campanha eleitoral de 2018.

Durante seu mandato à frente da OAB, de 2019 ao final de 2021, Felipe Santa Cruz protagonizou enfrentamentos com Bolsonaro. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Santa Cruz, por outro lado, agradeceu a Mourão hoje e disse que o vice-presidente defendeu a democracia, “como democrata que é”. O general, que discorda de Bolsonaro com frequência, vai migrar do PRTB para o Republicanos e deve concorrer a uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul.

O ex-presidente da OAB criticou, ainda, o negacionismo na pandemia. “Ação da OAB garantiu competência concorrente de estados e municípios no combate à covid. Quantos milhares de brasileiros teriam morrido se a visão negacionista da história tivesse sido majoritária?”, disse o ex-presidente da entidade. “Foi a Ordem que teve coragem, no primeiro momento, de defender a vacina, a ciência, o acesso da população brasileira ao SUS. Essa é nossa missão.”

Além de Mourão, também participaram da posse da nova diretoria da OAB autoridades como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, os ministros da Corte Luís Roberto Barroso e Kassio Nunes, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM). O novo presidente da OAB é José Alberto Ribeiro Simonetti.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou no mesmo evento, que o Estado de Direito tem sido atacado no País. O parlamentar pediu que a OAB vigie a democracia. 

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“Caberá a vossas excelências uma missão muito importante nesta quadra histórica do Brasil, na defesa de algo que nos une, Congresso Nacional e Ordem dos Advogados do Brasil: a defesa do Estado de Direito e da democracia”, declarou Pacheco. “A defesa do Estado de Direito, que vem sendo, por vezes, atacado, e que merece atenção e atenta vigilância da OAB”, acrescentou. 

O tom de Pacheco foi semelhante ao adotado por ele na abertura do ano legislativo de 2022, no começo de fevereiro. Na ocasião, o senador alertou para o risco representado pelas fake news nas eleições de outubro e fez um apelo por pacificação nacional e respeito ao resultado das urnas, num momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados voltaram a colocar em dúvida, sem apresentar provas, a lisura da urna eletrônica. 

No início dos trabalhos do Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), também pediu pacificação nacional. Na ocasião, o deputado disse que a Casa foi “fiadora” da estabilidade no ano passado. Ele também pediu convergência de esforços dos três Poderes para enfrentar os desafios de 2022 e apelou para que os políticos deixem o debate eleitoral para outubro.

Lira foi convidado para a posse da nova diretoria da OAB, mas não compareceu. 

No último domingo, 13, Santa Cruz se filiou ao PSD, partido comandado pelo ex-ministro Gilberto Kassab. Na ocasião, a legenda anunciou também que vai lançá-lo ao governo do Rio de Janeiro.

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