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Federação de trabalhadores rurais denuncia nova 'lista da morte' no Pará

Entidade afirma que um sindicalista, um agricultor e dois vereadores sofrem ameaças de madeireiros e fazendeiros; polícia diz desconhecer o caso

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Por Redação
Atualização:

A polícia mantém vinte homens na região e recebeu ajuda da Polícia Federal, por ordem do Ministério da Justiça. Segundo a Fetagri, os quatro ameaçados de morte seriam o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna, Eduardo Rodrigues da Silva; o presidente da Associação do Assentamento Praialta/Piranheira, Osmar Cruz Lima, além dos vereadores do município, os petistas João Batista Delmondes e Valdemir de Jesus Ferreira. Eles entraram na relação por denunciarem grilagem de terras e extração ilegal de madeira.

 

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A polícia diz desconhecer as ameaças e garante que nenhum dos citados pela federação procurou a delegacia local para comunicar o fato.

 

O vereador João Batista nega fazer parte da lista, embora admita que durante um período de sua vida em que morou em Marabá, sofreu "ameaças de morte". Para o coordenador da Fetagri, Francisco Solidade, a lista foi encaminhada aos órgãos policiais, mas "ninguém tomou providências" para dar proteção aos ameaçados. Solidade acrescenta que outras lideranças da região também estariam recebendo avisos, recados e telefonemas anônimos para parar de denunciar crimes ambientais ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

 

"As famílias do assentamento estão apavoradas e nem dormem mais direito. Quando aparece alguém de carro ou motocicleta na comunidade, elas pensam logo que se trata de pistoleiros armados para matar", disse Solidade. Por conta das ameaças, Eduardo Rodrigues foi aconselhado a sair por uns tempos do assentamento. Ele estaria protegido por amigos em Marabá.

 

Devastação. Fiscais do Ibama e agentes da Polícia Federal, durante operação realizada no sábado, no assentamento Praialta/Piranheira, comprovaram um cenário de devastação de espécies nobres de madeira, como angelim, ipê roxo, ipê amarelo e castanheira, árvore cujo corte é proibido por lei em razão de correr risco de extinção. Com o apoio de um helicóptero, eles localizaram extensas áreas de floresta desmatadas para a retirada ilegal de madeira.

 

A derrubada é feita por empresas madeireiras e também por assentados. Os fiscais apreenderam dois tratores, destruíram dezenas de fornos de carvão e aplicaram multas elevadas cujos valores totais ainda são apurados.

 

O chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama de Marabá, Uederson Ferreira, declarou terem sido identificados nas áreas devastadas 13 pontos de ação seletiva de lenha e madeira, 14 áreas desmatadas e 120 fornos em atividade para a produção ilegal de carvão vegetal". O assentamento está localizado em uma área de 22 mil hectares, maior do que a cidade de Recife (PE).

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Ferreira explicou que os assentados multados pelo Ibama serão denunciados aos Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e poderão ser excluídos do programa nacional de reforma agrária, perdendo os lotes de terra que hoje ocupam na região. Quanto às madeireiras, elas serão denunciadas ao Ministério Público Federal (MPF) de Marabá.

 

 

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